ELEIÇÕES 2024

PE: Antes rivais, Duque e clã Oliveira podem se unir contra prefeita do PT em Serra Talhada

Ex-petista Luciano Duque flerta com PL de Bolsonaro e pode ser candidato com apoio da família Oliveira

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Márcia Conrado (PT) enfrenta a oposição do seu ex-aliado Luciano Duque (SD) e de antigos rivais de ambos, o clã Oliveira (Avante) - Montagem: Brasil de Fato Pernambuco

Maior cidade governada pelo PT em Pernambuco, Serra Talhada se prepara para uma eleição acirrada. A prefeita Márcia Conrado (PT), candidata à reeleição, tem como principal adversário o seu antecessor Luciano Duque (ex-PT, hoje no Solidariedade), que rompeu com a petista em 2023. Caso seja candidato, Duque pode contar com o apoio dos seus rivais históricos da família Oliveira, cujo candidato ainda não decolou nas pesquisas.
 
Os dados mais recentes referentes à intenção de votos, divulgados ainda em 2023 pelo Instituto Opinião, apontam Márcia Conrado com 23,5% e Luciano Duque (SD) com 9,8% das intenções de voto na consulta espontânea, quando não são apresentados nomes de candidatos. Já na estimulada, Duque (44%) supera Conrado (33%). Ele é o único que consegue esse feito.
 
Quando o nome do opositor é trocado pelo de Ronaldo de Dja (PP), vereador em 4º mandato e pré-candidato apoiado por Luciano Duque (pelo menos até o momento), a intenção de votos em Márcia salta para 45% e Ronaldo de Dja fica com 31%. Quando o candidato de oposição é o de Miguel Duque (Podemos), o "Duquinho", o filho de Luciano alcança 18%, contra 52% de Márcia. O candidato opositor com pior desempenho, com 17%, é o vereador André Maio, nome de confiança dos Oliveira — neste cenário Márcia aparece com 53%.


Ronaldo de Dja (PP), Luciano Duque (SD) e Duquinho (Podemos); chapa composta por Ronaldo e Duquinho não está descartada / Reprodução

Os números levaram os Oliveira a flertar com o antigo adversário Luciano Duque — que por sua vez se descolou de Márcia e assumiu a posição de opositor. Recentemente, em entrevista ao blog Ponto de Vista, Duque afirmou que Serra Talhada vive uma "crise administrativa e não consegue atrair novos investimentos para cidade". A prefeita Conrado rebateu afirmando que em período eleitoral "aparece gente que faz pouco e fala muito".
 
Uma aliança de Duque com os Oliveira está na mesa. Ex-petista, Duque também citou o PL de Bolsonaro como possível aliado. Mas o ex-prefeito ainda se esquiva e não assumiu de maneira taxativa sua pré-candidatura. Nos bastidores fala-se que a comandante do seu partido, Marília Arraes, confia mais no nome do médico Dr. Valdir para ser o candidato do Solidariedade em Serra Talhada. Uma migração de partido não está descartada por Duque.

Em nota enviada à imprensa recentemente, Sebastião Oliveira (Avante) afirmou que na eleição municipal o seu partido só deve dar apoio àqueles partidos que apoiarem o candidato da família na maior cidade do Pajeú.  "Serra Talhada é minha pátria e essa condição é inegociável", avisou. O vereador e pré-candidato André Maio, apoiado pelos Oliveira, tem se mantido próximo a Luciano Duque.


Sebastião Oliveira e o vereador André Maio, pré-candidato do Avante à prefeitura de Serra Talhada / Reprodução

Antigos rivais e antigos aliados

Em 2020, Luciano Duque apoiou Márcia Conrado (PT) na vitória sobre Socorro Brito (Avante), esposa do ex-prefeito Carlos Evandro e apoiada pela família Oliveira. Em 2016, Duque bateu Victor Oliveira (PL), candidato da família no pleito. Em 2012, a vitória de Duque foi sobre o próprio Sebastião Oliveira, atual líder do clã familiar.
 
A família é "herdeira" política de Inocêncio Oliveira, deputado federal por 40 anos (1975-2015) e presidente da Câmara Federal no início dos anos 1990. Inocêncio e Sebastião são primos com 30 anos de diferença. O deputado federal Waldemar Oliveira é irmão de Sebastião, que hoje comanda o clã.
 
Duque foi prefeito de Serra Talhada por dois mandatos (2013-2020) e em 2020 elegeu sua então secretária de Saúde, Márcia Conrado. Eleita, a petista retribuiu, em 2022, dando amplo apoio à eleição de Duque para deputado estadual. Mas a parceria vitoriosa azedou.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Já no início de 2023, poucos meses após a eleição, os caciques Sebastião Oliveira e seu irmão Waldemar, deputado federal, deram declarações públicas elogiosas em apoio ao nome de Luciano Duque como candidato de oposição a Márcia. A prefeita não recebeu bem a aproximação de seu aliado com seus adversários.
 
Meses depois foram vazadas conversas privadas de Duque com uma liderança local, em que o ex-prefeito classificava sua sucessora como "decepção". Dias depois a relação foi oficialmente rompida por Duque, em carta pública. Até aquele momento ele ainda tinha nomes de sua confiança em cargos na gestão municipal.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Helena Dias