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Trabalhadores de agência argentina fechada resistem com acampamento, site e apostam em PL

Governo de Javier Milei renovou a dispensa dos trabalhadores por mais sete dias e anunciou plano de demissão voluntária

Brasil de Fato | Buenos Aires (Argentina) e São Paulo (SP) |
Assembleia contra fechamento da Télam reuniu 500 pessoas na sede do CGT na segunda-feira, 11 de março - Somos Télam

Os trabalhadores da agência de notícias argentina Télam seguem acampados em frente ao edifício da empresa em Buenos Aires, no qual estão impedidos de entrar desde o dia 4 de março. Na segunda-feira (11), o governo de Javier Milei renovou a dispensa dos trabalhadores por mais 7 dias e anunciou um plano de demissão voluntária.

“Rechaçamos esse plano de demissões e exigimos que tirem as grades e liberem a entrada dos trabalhadores nos edifícios. Seguiremos acampados enquanto durar o período de dispensa”, disse ao Brasil de Fato a jornalista argentina Maria da Laura Silva, trabalhadora da empresa e dirigente do Sinpreba, sindicato de imprensa da capital. 

A estratégia de resistência dos trabalhadores acontece também no âmbito do legislativo, por meio da elaboração de um projeto de Lei que estabelece garantias ao serviço público de comunicação no país. 

“Apresentaremos um projeto de lei onde os trabalhadores e trabalhadoras da Télam vão marcar os eixos que precisam ter o meio público como uma agência nacional de notícias, para poder discutir com os distintos blocos da Câmara de Deputados e do Senado e colocar no debate público a importância de manter uma agência de notícias pública.”

Os trabalhadores mantém o site independente Somos Télam, para distribuir gratuitamente conteúdo jornalístico para os veículos durante o período de paralisação da agência.

O estudante de comunicação Pedro Moreno Polak ingressou na agência de notícias em agosto de 2023 e está entre os trabalhadores acampados em frente à agência. “É mais provável que nós, que entramos há pouco tempo, sejamos os primeiros que soframos uma eventual demissão”, disse ele.

Apesar dessa condição, ele aponta como mais preocupante a situação de grande parte dos 700 trabalhadores da agência acima dos 40 anos. “Estou aqui mais por meus companheiros e companheiras do que por meu trabalho. É muito difícil no contexto de crise econômica e trabalhista na Argentina, não saber o que poderão fazer se saírem daqui, sem nenhuma garantia de seguirem tendo uma fonte de renda para manter uma família, para sobreviverem”.

Revezamento

Para manter o acampamento, os trabalhadores da agência estabeleceram um revezamento de turnos, de acordo com os horários de trabalho que mantém na agência. "Propusemos aos trabalhadores que cumpram sua jornada de trabalho no acampamento. Durante o dia temos muito movimentos dos nossos companheiros que vem trabalhar no nosso site, onde denunciamos a ausência de cobertura da Télam e oferecemos conteúdos que estão sendo reproduzidos por outros meios de comunicação", conta Maria Laura.

"Estou desde segunda, mas obviamente fui à minha casa para descansar. A noite aqui é longa não se descansa bem, não se dorme muito bem", conta Polak. "Estamos comprometidos todos os companheiros e companheiras a permanecer aqui durante todo o período de dispensa, o maior número de pessoas possível para manter a vigilância."

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho