DIPLOMACIA

África do Sul vai prender seus cidadãos que lutaram por Israel no massacre em Gaza 

País é um dos maiores críticos da ocupação israelense pelas semelhanças com o regime racista do apartheid

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A destruição de Gaza por Israel ocorre diariamente desde 7 de outubro - AFP

A África do Sul vai prender seus cidadãos que tenham lutado pelas forças armadas israelenses na Faixa de Gaza, informou nesta quinta-feira (14) a ministra dos Negócios Estrangeiros do país, Naledi Pandor.  

"Já emiti uma declaração alertando aqueles que são sul-africanos e lutam ao lado ou nas Forças de Defesa Israelenses: Estamos prontos. Quando você voltar para casa, vamos prendê-lo", disse Pandor durante evento de solidariedade aos palestinos, se referindo a cidadãos do país que possuam também cidadania israelense.

As declarações aprofundam a crise entre os dois países, explicitada pelas acusações feitas pela África do Sul no Tribunal Superior das Nações Unidas de que o governo israelense está cometendo genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza.

Em dezembro o governo sul-africano já havia expressado preocupação com o fato de que alguns de seus cidadãos, com dupla cidadania, integravam as forças armadas de Israel. O chanceler do país disse que essas pessoas poderiam perder a cidadania sul-africana. 

Muitos sul-africanos, inclusive o partido governista ANC (African National Congress), se sentem solidários com os palestinos pela opressão sofrida de Israel. Eles reconhecem muitas semelhanças entre a ocupação de terras palestinas e o regime racista do apartheid que vigorou no país entre 1948 e 1991.

Ataques não param

Pelo menos 69 pessoas morreram e outras 110 ficaram feridas na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, após novos ataques aéreos e de artilharia realizados pelas tropas de Israel no 160º dia de sua ofensiva contra o enclave palestino.

"O número de vítimas da agressão israelense aumentou para 31.341 mártires e 73.134 feridos desde 7 de outubro", informou nesta quinta-feira o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Além disso, estima-se que cerca de 8 mil corpos permaneçam sob os escombros, enquanto, segundo a pasta de Saúde palestina, "a ocupação impede que ambulâncias e equipes de Defesa Civil cheguem até eles".

Em Gaza, após 160 dias de guerra por terra, mar e ar, 85% da população foi deslocada e cerca de 60% de todas as infraestruturas foram danificadas, segundo a ONU, com famílias inteiras amontoadas em barracas de plástico com quase nenhum alimento ou água potável.

Pelo menos 27 pessoas, a maioria crianças, morreram de desnutrição no norte do enclave, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

*Com EFE

Edição: Thalita Pires