LUTA E VITÓRIA

Conheça o Entreposto Viva Babaçu, uma conquista histórica das quebradeiras de coco do Tocantins

Espaço representa a luta pela preservação e geração de renda das mulheres que vivem do coco babaçu no Cerrado

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Entreposto Viva Babaçu, um espaço de beneficiamento e comercialização totalmente gerido pelas próprias quebradeiras - Mariana Castro
Isso aqui vai trazer muita beleza e riqueza para nós, com geração de renda para nossas mulheres

Considerada uma mãe, a palmeira de babaçu é o meio de sobrevivência de muitas famílias nas regiões de Cerrado, a exemplo do Bico do Papagaio, que envolve municípios rurais no extremo Norte do Tocantins. Nessa região, mais de 500 mulheres se organizam em entidades e coletivos, que agora comemoram a conquista do Entreposto Viva Babaçu, um espaço de beneficiamento e comercialização de produtos.

É uma conquista histórica para as quebradeiras que, ao longo da história, têm seu trabalho desvalorizado no mercado informal pelos chamados atravessadores. Socorro Teixeira uma das quebradeiras de coco da Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP), celebra. 

"Isso aqui vai trazer muita beleza e riqueza para nós, na questão de geração de renda para nossas mulheres, para nossas famílias, para nós quebradeiras... E também trazer a questão de estar ajudando a gente na preservação do babaçu, por isso a gente deu o nome de Viva Babaçu, porque a gente precisa do nosso babaçu vivo e em pé".

Com a garantia de estrutura ampla, maquinário e profissionalização, a inauguração do entreposto contou com o lançamento da marca "Viva Babaçu", que tem como produto carro chefe a farinha de mesocarpo, como explica a gerente Mayana Fernandes.

"Ele vai fazer o beneficiamento do floco do babaçu, a gente vai transformar ele em farinha de mesocarpo, que é muito nutritivo e na alimentação serve para mingau, bolo, biscoito e também é medicinal", conta.

Com o apoio de entidades parceiras e projetos ligados à sociobiodiversidade, o espaço é totalmente gerido pelas próprias quebradeiras, que das rodas de quebra levam agora os produtos para as prateleiras. A Organização Não Governamental (ONG) Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO) é uma delas.

"Com o fato de o entreposto ser hoje regularizado através da vigilância sanitária, as quebradeiras passam a poder comercializar não só no mercado informal, como no mercado formalizado, como o marketplace, supermercados, comércios, além dos mercados institucionais, como PAA, PNAE [respectivamente, Programa de Aquisição de Alimentos e Programa Nacional de Alimentação Escolar, políticas do governo federal de apoio à agricultura familiar por meio de compras públicas] , ampliando as oportunidades de acesso ao mercado", pontua Yuki Ishii, representante da organização.

Para as quebradeiras, o Entreposto Viva Babaçu fortalece também a luta em defesa dos babaçuais na região. "Nós somos quebradeiras, por isso lutamos por elas [as palmeiras de babaçu], porque é delas que sobrevivemos. Estou muito feliz, todas as companheiras que estão aqui presentes também estão muito felizes por essa inauguração e por essa conquista", afirma Socorro.

Edição: Marina Duarte de Souza