Retrocesso

Como aconteceu na Câmara, deputados bolsonaristas presidem comissões na Assembleia do DF

Cientista política analisa estratégia da esquerda e diz que campo progressista precisa de mobilização

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Thiago Manzoni (PL-DF) e Carol de Toni (PL-SC) comandam CCJ na CLDF e Câmara, respectivamente - Montagem/Divulgação

A exemplo do que aconteceu na Câmara dos Deputados, o PL — partido do ex-presidente Jair Bolsonaro — ocupou cargos importantes na composição das comissões da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

O deputado distrital Thiago Manzoni (PL) comanda o principal colegiado do parlamento, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e Joaquim Roriz Neto (PL) é vice na Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF).

Já os deputados progressistas presidem cinco comissões na CLDF: Gabriel Magno (PT) a Comissão de Saúde, Educação e Cultura (CESC); Dayse Amarílio (PSB) a Comissão de Assuntos Sociais (CAS); Chico Vigilante (PT) a Comissão de Defesa do Consumidor (CDC); Fábio Félix (PT) a Comissão de Direitos Humanos e Decoro Parlamentar e Max Maciel (PSOL) a Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU).

Apenas a CTMU tem maioria de parlamentares progressistas. As demais comissões são comandadas por deputados do PSD, MDB, PP, União e Cidadania — quase todas siglas da base do governador Ibaneis Rocha (MDB). 

"O que acontece na Câmara do DF é muito parecido com o que ocorre no Congresso e na maior parte dos parlamentos brasileiros, em que há uma super representação dos partidos de centro-direita e extrema-direita", analisou a cientista política Mônica Freitas.

Segundo ela, o fato de um partido como o PL comandar a CCJ inviabiliza o avanço do diálogo sobre as pautas progressistas, pois as matérias precisam passar por esse colegiado para verificar a constitucionalidade. 

No Congresso Nacional, o PL de Jair Bolsonaro comandará também a Comissão de Constituição e Justiça com a deputada bolsonarista Carol de Toni (SC). Para a Comissão de Educação foi eleito Nikolas Ferreira (PL-MG); para a Comissão da Previdência, Pastor Eurico (PL-PE). Alberto Fraga (PL-DF) foi eleito para a Comissão de Segurança Pública.

De acordo com Mônica Freitas, a estratégia da base aliada do presidente Lula no Congresso foi de construir acordos com partidos de centro, como MDB e PSD, para essas siglas liberarem algumas de suas cadeiras para os deputados PT, PSOL e PDT. Essa estratégia funcionou, principalmente, na Comissão de Educação, em que os deputados progressistas formaram maioria. 

"Essa estratégia deve impedir que retrocessos passem pela Comissão de Educação, mas o presidente tem um papel fundamental que é o de definir as pautas", destacou a cientista política, acrescentando: "Será um ano difícil tanto na Câmara Legislativa, como na Federal, o que vai exigir mais mobilização dos movimentos sociais". 

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Márcia Silva