FOME COMO ARMA

Israel começa a atacar Rafah enquanto quer fim de pedidos por entrada de comida em Gaza

Ministra belga diz que não se derrota o Hamas matando de fome inocentes

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A população de Rafah quintuplicou desde o início do massacre; acima, casa destruída nesta terça - AFP

Israel começou a bombardear a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, sem avisar para evitar condenação internacional, afirmou a chancelaria palestina nesta terça-feira (19). Os bombardeios noturnos atingiram residências, matando várias pessoas.

"Israel começou a atacar a cidade de Rafah, sem esperar permissão ou aviso, para evitar reações do exterior", disse por meio de nota o Ministério das Relações Exteriores palestino.

Apesar de inúmeros apelos da comunidade internacional que alertam que ataques à área densamente povoada atingiriam um número imenso de civis, o governo israelense de Netanyahu diz que seguirá com os planos de ataque. Rafah tinha 280 mil habitantes e recebeu mais de um milhão de palestinos de outras partes do território.

"Há 600 mil crianças em Rafah aterrorizadas com o que vem a seguir. Desde o deslocamento e a ameaça de bombardeios até a fome e a doença, muitos estão sofrendo o inimaginável, e agora estão presos em um espaço superlotado enquanto a morte se aproxima", disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

"Não se vence o Hamas matando inocentes de fome"

A declaração acima foi feita pela ministra da Cooperação e Desenvolvimento da Bélgica, Caroline Gennez.

"Um milhão de pessoas correm o risco de morrer de fome em Gaza", disse ela no X. "A fome  nunca deveria ser usada como arma de guerra e não se derrota o Hamas matando de fome civis inocentes."

"Parem de bloquear ajuda humanitária e abram mais pontos de entrada [em Gaza]."


A ONU diz que um milhão de palestinos correm o risco de morrer de fome por causa de Israel / AFP

Mas nada do fim dos ataques ou de entrada de ajuda. Ao contrário, Israel pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que não emita ordens de emergência para aumentar a ajuda humanitária a Gaza para lidar com a fome iminente, desqualificando o pedido da África do Sul para fazê-lo como "moralmente repugnante".

Em documento jurídico apresentado ao tribunal superior das Nações Unidas tornado público nesta segunda-feira, Israel alega que "tem uma preocupação real com a situação humanitária e com vidas inocentes, conforme demonstrado pelas ações que tomou e está tomando" em Gaza durante a guerra.

A África do Sul acusa Israel de genocídio palestino em Gaza. Desde o início do massacre em outubro,  mais de 31 mil palestinos já foram mortos no território, a maioria mulheres e crianças.

*Com Reuters e Al Jazeera
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho