MOBILIZAÇÃO

Povo Kamakã Mongoió, do Cacique Merong, faz ato em frente à Justiça Federal em MG

Após audiência, visita técnica deve acontecer em território reivindicado pela comunidade

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
O povo Kamakã Mongoió, comunidade indígena de Brumadinho realizou um ato público, em frente à sede da Justiça Federal - Caio, SJ

O povo Kamakã Mongoió, comunidade indígena de Brumadinho, da qual o cacique Merong Kamakã Mongoió fazia parte, realizou um ato público, em frente à sede da Justiça Federal, na capital mineira, na terça-feira (19). A comunidade reivindica o direito à terra onde Merong, encontrado morto no dia 4 de março, foi enterrado. 

A mobilização foi convocada pela própria comunidade, com apoio de movimentos populares, para pressionar por uma decisão judicial favorável. No edifício da Justiça Federal, acontecia uma audiência de conciliação entre as lideranças Kamakã Mongoió e a mineradora Vale

A área, que os indígenas reivindicam como ocupação tradicional, é alvo de uma ação de reintegração de posse pela mineradora. Após a morte de Merong, a empresa tentou impedir que o corpo fosse enterrado no território, desrespeitando as tradições da comunidade.

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Rory Weslley, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que trabalha junto ao povo Kamakã Mongoió, comenta que o ato foi em memória ao cacique e em solidariedade à comunidade. 

“A reivindicação é a terra, aquele território onde o cacique foi plantado. Dali eles não saem”, enfatizou.


A mobilização foi convocada pela própria comunidade, com apoio de movimentos populares / Caio, SJ

Justiça fará visita ao território

Como resultado da audiência de conciliação, a Justiça afirmou que fará uma visita ao território no dia 30 de abril. 

“Um aspecto favorável é que a juíza deixou claro que, se lá é uma área de compensação ambiental, ‘quem melhor para fazer essa compensação que os indígenas?’. Então, a gente acredita muito que vamos sair vencedores e que a regularização do povo Kamakã naquela área será efetivada”, avaliou Rory Weslley. 

Morte suspeita e violência

Apesar do boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar (PM) apontar que a causa da morte de Merong foi suicídio, lideranças próximas ao cacique levantaram a hipótese de assassinato.

“Ele me disse que se ele aparecesse morto, alguém o teria bombado na luta, pois ele me disse que jamais suicidaria, pois era guiado pelo grande espírito, por Tupã, para salvar a humanidade, o que passaria necessariamente por frear as mineradoras, o agronegócio e superar o capitalismo”, contou frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ao Brasil de Fato MG.

Na sexta-feira (15), Shirley Krenak e Frei Gilvander Moreira denunciaram que a comunidade foi alvo de mais de 12 tiros, durante uma reunião com apoiadores. Eles afirmam que os disparos foram feitos em direção a uma cachoeira batizada com o nome do cacique. 

“Será terrorismo psicológico para abalar ainda mais a comunidade que já sofre luto brutal com a morte do Cacique Merong? Quem deu as rajadas de tiros? Quem mandou? Isto é mais um indício de que o Cacique Merong foi assassinado após muitas ameaças? O Cacique Rogério (irmão do Cacique Merong), a vice-cacica Katora e toda da comunidade Kamaka Mongoió estão pedindo socorro e atenção das autoridades e exigindo proteção eficaz da Polícia Federal”, questionou Shirley Krenak, em nota. 

 

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Leonardo Fernandes