RESPONSABILIDADE

Atentado na Rússia: Kremlin adota cautela e não fala em envolvimento do Estado Islâmico

Ataque em Moscou deixou pelos menos 137 pessoas mortas; novos suspeitos foram presos nesta segunda-feira

Brasil de Fato | São Petersburgo (Rússia) |
Praça Vermelha fechada em Moscou, em 23 de março de 2024, um dia após o atentado terrorista na sala de concerto Crocus City Hall, nos arredores da capital russa. - Tatyana Makeyeva / AFP

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao responder a jornalistas se Moscou considera plausível a versão sobre o possível envolvimento do grupo Estado Islâmico no atentado em Moscou, observou que a investigação ainda está em andamento e uma versão coerente ainda não foi divulgada.

"Vocês estão novamente fazendo uma pergunta relacionada ao andamento da investigação. Não comentamos isso de forma alguma, não temos o direito de fazê-lo", disse Peskov. O porta-voz fez um apelo que para que a imprensa se concentrasse nas informações divulgadas pelas agências russas de aplicação da lei no caso do ataque.

Peskov também afirmou que que não há contatos com países ocidentais para investigar o ataque realizado na sala de concerto Crocus City Hall, na última sexta-feira (22), em Moscou. 

A Casa Branca declarou nesta segunda-feira (25) que os Estados Unidos não pretendem fornecer assistência de segurança à Federação Russa em conexão com o ataque na região de Moscou.

Ao comentar esta declaração, a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, classificou a fala sobre a recusa da Casa Branca em ajudar a Rússia no campo da segurança após o ataque como "comportamento imoral". 

Entenda o contexto

Homens armados abriram fogo na sala de concertos Crocus City Hall, em Moscou, na última sexta-feira (22), onde aconteceria um show do grupo Picnic. De acordo com as últimas informações, 137 pessoas morreram no ataque. Trata-se do segundo maior ato terrorista na história da Rússia.

As autoridades russas detiveram 11 pessoas, incluindo quatro supostos autores do ataque, que foram detidos perto da fronteira da Ucrânia. Segundo o presidente Vladimir Putin, os terroristas deslocavam-se em direção à Ucrânia, onde "uma janela de passagem lhes foi preparada". 

Veículos internacionais, como a agência Reuters e o jornal The New York Times, divulgaram que o "Estado Islâmico-Khorasan" (braço do grupo jihadista no Afeganistão) teria reivindicado o atentado, citando informações de inteligência sobre os preparativos para o ataque. 

No entanto, as autoridades russas não mencionaram em nenhum momento a possível conexão do grupo com a ação em Moscou. As investigações ainda estão em andamento e não há uma versão oficial do Comitê de Investigação da Rússia sobre a autoria do atentado.

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, por sua vez, disse que os Estados Unidos, ao sustentar a tese sobre o envolvimento do Estado Islâmico, estariam desviando o foco do seu envolvimento no patrocínio do "terrorismo na Ucrânia". A diplomata, no entanto, não fez uma acusação direta contra a Ucrânia no caso do atentado em Moscou.

"Bilhões de dólares e uma quantidade sem precedentes de armas investidas inexplicavelmente e usando esquemas de corrupção no regime de Kiev, retórica agressiva em relação à Rússia e nacionalismo raivoso, uma proibição de negociações de paz na Ucrânia e apelos intermináveis ​​para uma solução enérgica para o conflito, uma recusa em condenar os ataques terroristas de longo prazo perpetrados pelo regime de Kiev e a informação massiva e o apoio político a quaisquer ações, mesmo as mais terríveis, de Zelensky", listou ela.

As autoridades ucranianas, por sua vez, negaram categoricamente qualquer ligação com o atentado terrorista.

Edição: Rodrigo Durão Coelho