inquérito

Por execução de Marielle, irmãos Brazão prometeram 'grande extensão de terras' a Ronie Lessa; vereadora defendia moradia popular

De acordo com a delação de ex-PM, acusado de ser o assassino da vereadora, áreas seriam invadidas pelos mandantes

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Irmãos Brazão e delegado Rivaldo Barbosa chegam à Brasília em avião da PF - José Cruz/Agência Brasil

* Matéria atualizada no dia 25/03, às 13:24, para inclusão das manifestações dos suspeitos.

Em sua delação, o ex-policial militar Ronie Lessa, acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, afirma que os mandantes do crime seriam os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Em troca, o criminoso receberia lotes de terras.

“Em síntese, Ronie Lessa narrou que receberia uma grande extensão de terras que os irmãos Brazão estavam planejando invadir para promover o parcelamento do solo para posterior revenda dos lotes. Ressaltou que, pelas dimensões das terras, se tratava de uma empreitada milionária”, explica a Polícia Federal no relatório sobre a investigação.

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A área que seria invadida pelos irmãos Brazão seria um dos motivos para a morte de Marielle, de acordo com a investigação. O PLC 174/2016, de autoria de Chiquinho Brazão, que era vereador na época do assassinato, previa a regularização de lotes na região, para que pudessem ser construídos imóveis comerciais que seriam explorados pela milícia. 

Marielle Franco defendia que a área fosse entregue à moradia popular, o que beneficiaria populações pobres da região. O PLC 174 acabou sendo aprovado justamente no dia em que a vereadora foi assassinada, 14 de março de 2018. 

A delação de Lessa foi fundamental para que a investigação chegasse nos irmãos Brazão e do ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa. O trio foi preso no último domingo (24) pela Polícia Federal (PF).

Entenda

A PF prendeu, na manhã deste domingo (24) três suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco, então vereadora do Rio de Janeiro, e seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Foram presos: Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio. 

A operação foi realizada conjuntamente entre a PF, a Procuradoria Geral da República e o Ministério Público do Rio de Janeiro, com base na delação de Ronnie Lessa, executor do crime, que os apontou como mandantes, em delação homologada na última semana. Segundo informações da PF, a ação foi realizada neste domingo pois havia suspeitas de que os três já esperavam por uma operação.

Outro lado

A assessoria de imprensa de Domingos Brazão emitiu nota à Folha de S. Paulo em que afirma que o conselheiro "foi surpreendido" pela decisão do STF. O conselheiro do TCE afirma que inexiste "qualquer envolvimento com os personagens citados, ressaltando que delações não devem ser tratadas como verdade absoluta —especialmente quando se trata da palavra de criminosos que fizeram dos assassinatos seu meio de vida".

Ao Uol, a defesa de Rivaldo Barbosa justificou a ausência de manifestação por ainda não ter acesso aos autos nem à decisão que decretou a prisão. Até o momento, não houve manifestação por parte do deputado federal Chiquinho Brazão.

Edição: Rodrigo Chagas