Massacre

Protesto contra o 'genocídio palestino' marca evento armamentista com participação de Tarcísio

O governador paulista fez uma visita oficial de cinco dias a Israel no mês de março onde se encontrou com Netanyahu

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Manifestantes protestam contra acordos armamentistas com Israel, devido ao massacre palestino em Gaza - Leandro Melito / Brasil de Fato

Um evento armamentista com abertura nesta terça-feira (2) no Transamerica Expo Center em Santo Amaro, São Paulo (SP) foi alvo de protesto contra o "genocídio palestino" devido à presença de empresas israelenses.

Chamada pelos manifestantes de "feira da morte", a LAAD Security & Defense é destinada à forças policiais, forças armadas, autoridades e profissionais dos setores de segurança e defesa e contou, em sua abertura, com a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O governador paulista fez visita oficial de cinco dias a Israel no mês de março, onde se encontrou com o primeiro ministro, Benjamin Netanyahu, o presidente israelense Isaac Herzog e o ministro da Defesa, Israel Katz. Tarcísio também visitou a sede da Israeli Aerospace Industries, de aviação civil e militar e desenvolvimento de tecnologia eletrônica. 

"Essa feira é contra a juventude periférica também, porque muitas das armas usadas contra o povo palestino são usadas também contra o povo preto aqui nas favelas", afirma Letícia Chagas, deputada estadual em São Paulo pelo mandato coletivo do Movimento Pretas do PSOL. 


Letícia Chagas, deputada estadual por São Paulo pelo Movimento Pretas do PSOL / Leandro Melito / Brasil de Fato

"O governador Tarcísio está fazendo um importante aceno a um líder que é de extrema direita, o Netanyahu, e tende a se projetar aqui no estado de São Paulo também como uma liderança de extrema direita. Enquanto a saúde e a educação no Estado estão acabadas, o transporte público aqui na capital nem se fala, o governador está perdendo tempo indo pra Israel", disse a parlamentar.

"Ele acabou de ir lá apertar as mãos manchadas de sangue de Netanyahu. Aliás, o encontro das mãos manchadas de sangue. Porque nós vimos, o genocídio pobre e preto que já é histórico aqui no Brasil dar um passo a mais na carnificina na baixada santista que, desde dezembro, matou 56 pessoas", disse Soraya Misleh, coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino em São Paulo.


Maira Pinheiro, advogada do coletivo Adala Iepe (esquerda) e Soraya Misleh (direita), coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino em São Paulo  / Leandro Melito / Brasil de Fato

Para Maira Pinheiro, advogada do coletivo Adala Iepe (justiça em árabe e liberdade em tupi-guarani), a participação de Tarcísio no evento passa uma mensagem de legitimação de violência estatal e "admiração das táticas de combate urbano que Israel emprega". Ela considera que o modelo de segurança pública utilizado em Israel  guarda "muita similaridade com a abordagem de segurança pública que o governo Tarcísio almeja alcançar", com uma diferença apenas no acesso à tecnologia empregada para essas políticas.

"A gente precisa demarcar que o acesso a esse tipo de tecnologia vai aumentar o problema da morte em massa, vai aumentar o problema do caráter necropolítico das políticas brasileiras."

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho