Mais seis anos

Putin assume 5º mandato com tom de denúncia do Ocidente e foco no mundo multipolar

Em cerimônia de posse, presidente russo diz que não recusa diálogo com Ocidente, mas 'em igualdade de condições'

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chega para sua cerimônia de posse no Kremlin, em Moscou, em 7 de maio de 2024. - Sergei Savostyanov/POOL/AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, participou da cerimônia de posse do seu mandato presidencial nesta terça-feira (7), no Kremlin. Após vencer as eleições de 2024 com 87,28% dos votos, Putin assume o cargo pela quinta vez pelos próximos seis anos.

Com a mão na Constituição, Putin disse: "Ao exercer os poderes de Presidente da Federação Russa, juro respeitar e proteger os direitos e liberdades do homem e do cidadão, observar e defender a Constituição da Federação Russa, para proteger a soberania e a independência, a segurança e a integridade do Estado, para servir fielmente o povo". 

Em seguida, o presidente do Tribunal Constitucional, Valery Zorkin, anunciou que Vladimir Putin assumiu oficialmente o cargo de presidente da Rússia e foi tocado o hino nacional no palácio do Kremlin, que reuniu 2,6 mil convidados, entre representantes da elite política russa, embaixadores, diplomatas e militares. Também estiveram presentes soldados participantes da guerra da Ucrânia e familiares de militares que estão na linha de frente.

Em particular, a cerimônia recebeu o boicote de representantes dos EUA, Grã-Bretanha e da maioria dos países da União Europeia. 

Ao falar sobre a agenda de cooperação internacional a da Rússia, Putin destacou que o país está pronto para o diálogo sobre questões de segurança e estabilidade estratégica, mas "apenas numa base de igualdade". 

"Estivemos e estaremos abertos ao fortalecimento de boas relações com todos os países que veem a Rússia como um parceiro confiável e honesto", disse o chefe de Estado, acrescentando que esta categoria de país compõe "uma verdadeira maioria global".

Ao mesmo tempo, segundo o presidente, a Rússia "não recusa o diálogo com países ocidentais". "A escolha é deles: seguir tentando conter a Rússia, continuar a política de agressão, a pressão contínua sobre o nosso país durante anos, ou procurar um caminho para a cooperação e a paz", disse Putin.

"Um diálogo, inclusive sobre questões de segurança e estabilidade estratégica, é possível, mas não a partir de uma posição de força, sem qualquer arrogância, presunção e exclusividade, mas apenas em igualdade de condições, respeitando os interesses de cada um", declarou Putin.

O presidente observou que, juntamente com os parceiros na integração da Eurásia, com outros centros de desenvolvimento soberanos, a Rússia continuará "a trabalhar para formar uma ordem mundial multipolar, um sistema de segurança igual e indivisível".

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"Num mundo complexo que está a mudando rapidamente, devemos ser autossuficientes e competitivos, abrindo novos horizontes para a Rússia", acrescentou o chefe de Estado.

Ao se dirigir à população, Vladimir Putin agradeceu pelo apoio nas eleições de 2024, nas quais o presidente recebeu uma votação recorde. Ele destacou que "a vontade consolidada de milhões de pessoas é uma força colossal, prova da nossa confiança comum e firme de que determinaremos o destino da Rússia".

"Vocês, cidadãos da Rússia, confirmaram a correção do rumo do país. Isto é de grande importância neste momento, quando enfrentamos sérios desafios. Vejo nisso uma compreensão profunda dos nossos objetivos históricos comuns, uma determinação em defender inflexivelmente a nossa escolha, os nossos valores, a liberdade e os interesses nacionais da Rússia", completou.

Edição: Rodrigo Durão Coelho