Aumento de temperatura, falta de arborização, problemas com drenagem urbana e saneamento, risco hídrico e poluição do ar. Belo Horizonte enfrenta severos desafios, quando falamos sobre meio ambiente.
Assim como fez com a mobilidade urbana, com a educação e com a saúde, o Brasil de Fato MG entrevistou especialistas para analisar as propostas dos candidatos à Prefeitura de BH (PBH) sobre o tema. São eles: Rogério Correia (PT), Duda Salabert (PDT), Mauro Tramonte (Republicanos), Carlos Viana (Podemos), Bruno Engler (PL), Fuad Noman (PSD), Gabriel Azevedo (MDB), Wanderson Rocha (PSTU), Lourdes Francisco (PCO) e Indira Xavier (UP).
“As propostas estão muito genéricas, com pouca capacidade de atender às inúmeras demandas e estruturar uma política ambiental capaz de responder às necessidades e emergências da crise climática e ambiental. Além disso, falta a proposição de mecanismos que possibilitem a participação popular direta, em que a população, organizada por meio das regionais, possa avaliar e deliberar sobre ações ambientais em seus bairros”, avalia Luiz Paulo Siqueira, biólogo e coordenador nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Para ele, a pauta ambiental não pode ser tratada de forma isolada e deve ser considerada como parte transversal de um novo modelo urbano, que priorize as pessoas, com moradia digna, qualidade no transporte coletivo e espaços públicos diversos.
Assim, quem sai ganhando é o candidato petista Rogério Correia, de acordo com o biólogo.
“Ele apresenta propostas mais robustas, estruturantes, e consegue apontar medidas eficazes para todas as demandas da esfera ambiental em BH. É o único que enfatiza o plano municipal de enfrentamento às mudanças climáticas, que envolve uma série de ações capazes de atenuar e superar os efeitos da crise ambiental”, pondera.
Quem pensa melhor no futuro?
O candidato do PT planeja instituir o Plano Municipal de Enfrentamento e Adaptação às Mudanças Climáticas, para prevenir e minimizar danos de eventos climáticos extremos.
Duda Salabert fala sobre promover a implementação de jardins de chuva e pavimentação drenante, sobretudo em grandes áreas impermeabilizadas, como estacionamentos, permitindo a coleta da água da chuva. Fuad Noman menciona a implantação do planejamento estratégico de arborização da cidade até 2050.
O urbanista Roberto Andrés, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que as três candidaturas são mais detalhadas.
“Fuad Noman, Duda Salabert e Rogério Correia têm metas um pouco mais bem definidas. As outras candidaturas têm propostas muito vagas, com poucos detalhes”, observa.
Na contramão, Luiz Paulo Siqueira também aponta que uma proposição de Bruno Engler pode ser perigosa. O candidato sugere a criação de uma estrutura para atender com agilidade os licenciamentos ambientais.
“Na prática, essa medida diminui o rigor na análise dos processos de licenciamento, flexibiliza as normas e agrava os impactos ambientais. É uma medida que atende exclusivamente a sanha da especulação imobiliária e grandes construtoras, trazendo prejuízos na pauta ambiental e para o povo de BH”, analisa.
Como enfrentar problemas crônicos?
Embora Roberto Andres acredite que as propostas apontam para o caminho certo, grande parte delas ainda são embrionárias, ou seja, não tocam nos problemas que precisam ser encarados.
“Para arborizar as ruas e avenidas da cidade, distribuir árvores em todas as regiões, é necessário, por exemplo, reduzir espaço para automóveis. Isso é um tipo de conflito que dificilmente alguém vai assumir na eleição e que, depois da eleição, pode ser uma barreira para implementação de corredores verdes. É preciso realizar algumas disputas, da forma como a cidade funciona hoje, para que certas medidas deem certo”, destaca.
“Acho que, na hora de votar, vale a pena os eleitores olharem para quem está se comprometendo de fato com propostas que são concretas, que podem significar um compromisso com algumas agendas”, acrescenta.
E as outras propostas?
Entre as bandeiras de Mauro Tramonte está a despoluição da Lagoa da Pampulha, além de implantar corredores verdes, novos parques e jardins. Carlos Viana também menciona a despoluição da lagoa e defende a otimização do uso dos aterros sanitários.
Indira Xavier propõe tornar Belo Horizonte uma cidade livre da mineração e construir parques lineares ao longo dos rios, com a gradativa descanalização e reassentamento de famílias que vivem em áreas de risco.
Wanderson Rocha sugere a criação de novos parques, florestas urbanas e estações ecológicas, com a participação da população e contratação de novos trabalhadores para a conservação. O candidato se opõe ao Rodoanel, criticando sua ligação com as mineradoras, e defende alternativas para o transporte intermunicipal.
Gabriel Azevedo propõe o incentivo à arborização de vias públicas, a ampliação da reciclagem com mais lixeiras de coleta seletiva e a criação de um Programa de Proteção das Águas para recuperar cursos d’água, além do aumento da capacidade do atendimento veterinário público.
Lourdes Francisco não menciona o meio ambiente entre as suas propostas.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Ana Carolina Vasconcelos