Se você abrir o Plano de Governo da candidata a prefeita, a bolsonarista Cristina Graeml, e procurar a palavra “mulher”, não encontrará nenhuma menção. São 65 páginas de propostas produzidas por um grupo de voluntários e especialistas que, segundo diz o Plano de Governo registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), é guiado por "princípios sólidos e inabaláveis, que representam a essência de tudo o que acreditamos e pelo que lutamos”. E se ela sequer cita a palavra “mulher”, mesmo sendo filiada ao PMB (Partido da Mulher Brasileira), uma proposta preocupa a luta feminina. Cristina dá a entender que vai combater o aborto legal.
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Print do documento de Propostas de Governo de Cristina Graeml, publicado no site do TSE. Link acima.
Nas redes sociais, Cristina se identifica com o bolsonarismo e a defesa das pautas conservadoras contra a “extrema esquerda”. Tanto que esteve em São Paulo no 7 de Setembro pedindo o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes. Ela, que é jornalista de formação, também é divulgadora de fake news e temas polêmicos. Graeml se posicionou contra a vacina e ataca movimentos LGBTQIA+.
Em grupos ligados à candidata no Whatsapp, temas semelhantes a “mamadeira de piroca” já reapareceram. Um apoiador desse grupo disse, ao comentar sobre o tema das multas em Curitiba: “Como o empenho nas escolas é bem outro como ensinar militância, sexo precoce, pronomes neutros e outras cartilhas esquerdistas, usam a indústria da multa para encher os cofres. Alguém sabe da utilização real deste dinheiro arrecadado?”
Apoiador da candidata escreveu, ao comentar sobre o tema das multas em Curitiba. / Imagem: Reprodução / Print do grupo de WhatsApp
Perseguição ao aborto legal
Com relação às mulheres, desperta preocupação da pauta feminista quando ela fala em “Direito à Vida Desde a Concepção”. A candidata entra na polêmica de tornar qualquer aborto ilegal. Ela defende “políticas de saúde e sociais que protejam tanto as mães quanto os filhos desde a sua concepção serão priorizadas, demonstrando o valor da vida e o renovo da esperança. A defesa da vida estará no centro de nossas ações”, diz.
Em junho deste ano, quando o assunto estava em alta, a jornalista disse que fetos com 22 semanas possuem grandes chances de nascerem com vida caso haja uma indução do parto. “Os médicos dizem que matar bebês com 22 semanas de gestação é equiparável ao homicídio”, disse ao defender o PL 1904/2024.
Candidatos defendem maternidade e proteção das mulheres
Em Curitiba, muitas outras candidaturas vão em sentido contrário da extremista. O candidato Luciano Ducci, que é médico e autor do Programa Mãe Curitibana, defende a remodelagem. “A saúde da mulher e da criança continuará a ser um desafio e um grande indicador da qualidade da atenção”. Ele também defende programas que cuidem de “mulheres vítimas de violência doméstica/ intrafamiliar”.
Outra candidata que aborda o tema da maternidade é Andrea Caldas. Inclusive quando o assunto é aborto legal. Segundo a candidata do PSOL, “o planejamento familiar e reprodutivo é um direito das mulheres! E é nosso dever, enquanto governo municipal, garantir que todas as mulheres do município possam ter acesso a métodos contraceptivos e a orientações sobre o planejamento familiar, bem como a aborto legal, nos termos da lei”, propõe.
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Esse assunto e outros estarão presentes no programa Eleições de Fato. Ele é transmitido ao vivo pelo Youtube do Brasil de Fato.