O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (9) que a deputada estadual mineira Macaé Evaristo (PT) ocupará a chefia do Ministério dos Direitos Humanos no lugar de Silvio Almeida.
Almeida foi demitido na última sexta-feira (6) após virem à tona acusações de importunação sexual e assédio moral contra funcionárias do governo, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Com a chegada de Macaé Evaristo, o governo soma 11 ministras mulheres.
"Hoje convidei a deputada estadual Macaé Evaristo para assumir o ministério dos Direitos Humanos e Cidadania", publicou Lula nas redes sociais. "Ela aceitou. Assinarei em breve sua nomeação. Seja bem-vinda e um ótimo trabalho."
Professora da rede municipal de Belo Horizonte desde os 19 anos e reconhecida nos debates sobre educação e racismo, Evaristo é formada em Serviço Social e mestre e doutoranda em Educação.
Em entrevista ao Brasil de Fato ainda em 2020, afirmou que a "mulher negra já nasce fazendo política". "Para gente sobreviver nessa estrutura excludente, nós temos que aprender, o tempo todo, o exercício de se organizar, articular, reivindicar e de se manter firme. Minha mãe ficou viúva muito cedo, com quatro filhas, nos criou sozinha. Mas ela conseguiu e todas nós estudamos e nos formamos."
"A gente precisa ocupar esses lugares da política para que, de fato, nossa voz seja ouvida. Minha trajetória tem essa característica de participação nos movimentos, negro, de mulheres, e sempre tentando garantir que as pessoas tenham educação, porque ela é fundamental para a emancipação e para um país mais justo”, disse na época, enquanto vereadora de Belo Horizonte. Macaé Evaristo foi colunista do Brasil de Fato MG. Seus textos podem ser lidos aqui.
Macaé foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação em Belo Horizonte (2005 a 2012) e no estado de Minas Gerais (2015 a 2018). A especialista chegou a coordenar programas sobre implementação de escolas indígenas e escolas de tempo integral em no estado.
Entre 2013 e 2014, comandou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, subpasta ligada ao Ministério da Educação, durante o governo Dilma Rousseff (PT). Nesta época, atuou para implementar medidas de cotas para estudantes de públicas, negros e indígenas nas universidades.
Em 2022, foi eleita deputada estadual em Minas com 50.416 votos. No mesmo ano, Evaristo participou do governo de transição de Lula no grupo sobre educação. "A prioridade é recompor o orçamento do Ministério da Educação (MEC) para o fortalecimento das políticas de educação integral, diversidade e inclusão em todos os níveis, da educação infantil à universidade", destacou na época em suas redes sociais.
Ela também é prima da premiada escritora Maria da Conceição Evaristo. Sua biografia está registrada no livro Macaé Evaristo – Uma força negra na cena pública, escrito por Jailson de Souza e Silva e Eliana Sousa e Silva e publicado em setembro de 2020 pela editora Eduniperiferias.
Edição: Thalita Pires