Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Geral

Pelas ruas

Em Porto Alegre, propostas na Câmara tentam barrar proibição de carrinheiros na cidade

Lei de 2023 proibiu a circulação de Veículos de Tração Humana (VTHs) e entrou em vigor em 30 de junho

01.out.2024 às 18h00
Porto Alegre (RS)
Eugênio Bortolon

José Carlos Kegler é carrinheiro em Porto Alegre (RS) - Eugênio Bortolon / Brasil de Fato

José Carlos Kegler é carrinheiro entre os bairros Humaitá, Floresta, Auxiliadora, São Geraldo, São João e outros, quando resolve variar de roteiro na capital gaúcha, Porto Alegre (RS). Tem zeladores e amigos pelo caminho que guardam papelões, caixas, garrafas de plástico e tantas outras quinquilharias de plástico ou ferro que podem ser vendidas e lhe garantir algum trocado para sobreviver. Se considera "um cara vitorioso".

Arrecada uns 100 quilos por dia que acabam lhe rendendo uns R$ 40 ou 50 diariamente. Bom, ruim, mais ou menos?  Para ele é “tudo de bom”, dá para comer e ainda sobrar algum para os fins de semana ou ajudar seus “irmãos de rua" e fazer "umas farras por aí, também tenho direito, né?”, garante ele. 

Ele sabe que estão para tirar das ruas os carrinheiros. Já ouviu falar, mas não deu muita importância e não tem tanta certeza se isso vai acontecer um dia. Não está preocupado com isso. “Meu negócio é ir vivendo, um dia atrás do outro, sem me ligar nessas coisas”, diz, com convicção de que não atrapalha carros e nem pessoas que andam por aí. Nunca ficou sabendo de queixas contra ele e nem foi xingado por andar puxando um carrinho, fazendo força. 

A lei municipal 10.531, de 10 de setembro de 2023 proibiu a circulação dos Veículos de Tração Humana (VTHs), prorrogável por mais seis meses, prazo vencido em 30 de junho de 2024. Não se viu ninguém recolhendo os carrinhos. A fiscalização, porém, não agiu.

Duas propostas

Dois vereadores progressistas resolveram sair em defesa destes trabalhadores: Jonas Reis e Adeli Sell, ambos do PT. Jonas propôs que os carrinheiros circulem pela cidade até 31 de dezembro de 2025, prorrogável por mais seis meses. A Câmara da Capital já está debatendo o projeto de lei. Ele é o oitavo da lista de prioridades para ser discutido e votado.

O vereador argumenta que as enchentes afetaram os catadores de material reciclável que utilizam os veículos, e que o Quarto Distrito – uma das regiões mais atingidas – tem grande concentração de catadores. “Estes trabalhadores sofreram grandes perdas em suas residências, em muitos casos perdendo tudo o que tinham. Essa situação, aliada ao alagamento prolongado, afetou gravemente a renda e a vida dos catadores”, afirma.

O outro projeto, de Adeli Sell, foi apresentado, mas ainda não tem prazos definidos para análises. O vereador pretende tornar definitiva a circulação dos carrinhos. Estabelece programa de redução gradativa do número de veículos de tração animal, e dispõe sobre o cadastro social e ações inclusivas dos condutores de veículos de tração humana.

Na exposição de motivos, Adeli salienta que a redução gradativa dos veículos de tração humana, prevista pela lei 10.531, já sofreu prorrogações, visto que as políticas públicas municipais para a transposição dos condutores destes veículos para outros mercados de trabalho não têm conseguido abranger a totalidade de pessoas. De acordo com a justificativa, as famílias que ainda dependem desse trabalho estão sob a pressão de que em breve perderão esta fonte de renda, vivendo um dia de cada vez, com o risco de não haver nova prorrogação na lei para que suspenda essa proibição.

Para o autor da proposta, os catadores e coletores de materiais reutilizáveis e recicláveis são importantes auxiliares na manutenção da limpeza e higiene do município. “Esse pessoal promove um meio ambiente mais sustentável ao retirar e separar os resíduos do meio urbano, impedindo que estes acabem indo parar em locais impróprios, como bocas de lobo e bueiros ou até na natureza, causando uma série de problemas ambientais”, garante. 

Andanças

O carrinheiro José Carlos Kegler, que citamos no início da reportagem, é uma das pessoas que depende exclusivamente deste trabalho para sobreviver. Até uns três anos atrás, ele dormia numa barraca na rua Xavier Ferreira, bairro Auxiliadora, e ali guardava o seu material de trabalho. Higiene pessoal fazia quando conseguia algum lugar. Ele tem 40 anos, nasceu em 12 de outubro de 1983 em Arroio do Tigre, a 246 km de Porto Alegre, na região Centro-Oeste do RS. José ou Zé, como o chamam na rua, não sabe há quanto tempo saiu de casa. Peço para soletrar seu nome e ele me conta que é analfabeto e não sabe soletrar as letras. Tem documentos, “mas não estão comigo, deixo em casa para não perder”. Conta que não pôde ir para a escola e que não tinha também muita vontade.

Vive como dá. Há uns dois anos conseguiu da prefeitura aluguel social e hoje mora em um pequeno apartamento no bairro Humaitá. “Dá para ter umas coisinhas, fogão, cama, tevê, ventilador, e mais nada”, relata. Fome não passa. Sempre consegue comprar feijão, arroz e, às vezes, um pedaço de carne com o dinheiro que ganhou com recicláveis. Recebeu auxílio reconstrução porque a sua região ficou alagada e não conseguia chegar em casa, e nem pôde trabalhar. “Com o dinheiro comprei um celular, mas vendi. Não consegui manipular o bicho e nem tinha como me comunicar”, conta.


Carrinheiro José Carlos Kegler junto do seu inseparável amigo Sheik, um cachorrinho que o acompanha nas andanças pela cidade / Eugênio Bortolon / Brasil de Fato

Parou em um abrigo durante a enchente, mas sempre junto do seu inseparável amigo Sheik (“Alguém deu este nome e ficou assim”, lembra), um cachorrinho que o acompanha nas andanças pela cidade e está gordinho de tanta comida que ganha pelo caminho. Sheik está sempre limpo. “Dou banho todos os dias, não gosto de cachorro fedido. Ele é meu único companheiro”.

Kegler é torcedor fanático do Inter. Vive usando camisas do seu time. Ele diz que tem algumas que foi ganhando das pessoas pelas ruas. Nos últimos anos, só foi a um jogo do Inter. “E foi há poucos dias, quando o colorado ganhou do Fortaleza por 2 a 1. Um amigo conseguiu uma carteirinha emprestada e lá me fui todo feliz da vida. Dei sorte”.

Ele comprou há uns dois anos o carrinho do seu trabalho por R$ 800. “Já me roubaram uma vez, mas recuperei”. Também gosta de viajar, mas não consegue muito. Vai visitar eventualmente familiares em Arroio do Tigre ou em Londrina (PR). “Só vou se posso levar o Sheik. Há pouco tempo consegui um trabalho em um estacionamento em Florianópolis. O dono do lugar deixou levar o meu amigo.” E assim segue a sua vida. “Ah, também vou a igreja aos domingos. É preciso ter fé e acreditar na vida. Tenho boa saúde.”

Editado por: Vivian Virissimo
Tags: porto alegrerio grande do sul
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

ORGANIZAÇÃO

Saiba onde votar no plebiscito pelo fim da escala 6×1 e pela taxação dos super ricos em MG

Trabalho escravo

MPT pede anulação de acordo que tirou empresa da Lista Suja

50% de tarifa

Governo quer mais prazo e indústria envolvida em negociação de tarifaço de Trump

Repúdio

Câmara de Comércio dos EUA critica tarifas impostas aos produtos brasileiros

Disputa geopolítica

Tarifa de Trump é vista como retaliação à cúpula do Brics por 41% dos brasileiros, aponta AtlasIntel

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.