Uma jovem grávida, Jamile de Sousa, de 18 anos, faleceu após sofrer queimaduras graves ao tentar cozinhar com álcool, em Lagoa Seca, na Paraíba. O incidente correu em agosto deste ano e deixou 30% do corpo da mulher queimado. Jamile estava no sétimo mês de gestação e, apesar de ter se recuperado temporariamente, seu estado de saúde piorou recentemente, levando à necessidade de uma cesárea de emergência. Durante o procedimento, na última terça-feira (15), ela não resistiu e faleceu no Instituto Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande. Sua filha recém-nascida, com 35 semanas, sobreviveu mas permanece internada.
Jamile de Sousa / Imagem Reprodução
Além da bebê, Jamile deixou outra filha, de três anos. Este é o segundo caso de morte envolvendo gestantes em acidentes com álcool para cozinhar na Paraíba este ano.
A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo – trecho de discurso do presidente Lula.
Chayane Alves / Imagem Reprodução
Em março deste ano, uma outra grávida, Chayane Alves, de 33 anos, faleceu após complicações causadas por queimaduras que afetaram 75% de seu corpo, resultado de um acidente enquanto cozinhava com álcool, já que não tinha condições de comprar gás de cozinha. Seis meses após o acidente, ela morreu devido a uma infecção generalizada, que resultou em uma parada cardíaca.
Na época do acidente, Chayane estava preparando a comida para ela e seus filhos, utilizando álcool devido à sua difícil situação financeira. Neste momento, ao pegar um recipiente com álcool, as chamas alcançaram o objeto, provocando uma explosão que deixou seu corpo em chamas.
Grávida no momento do incidente, Chayane foi inicialmente socorrida para uma maternidade, mas, devido à gravidade dos ferimentos, precisou ser transferida para Campina Grande, onde acabou perdendo o bebê. Ela permaneceu internada por mais de seis meses no Hospital de Trauma de Campina Grande, recebendo alta em 4 de março deste ano; 13 dias depois (17/03), Chayane veio a óbito. Ela era natural de Patos, e estava morando temporariamente em Cabedelo para ficar mais próxima da unidade de saúde, onde realizava trocas frequentes de curativos e seguia com o tratamento. Durante esse período, ela foi acolhida por uma mulher que conheceu durante sua internação no hospital, que ofereceu ajuda e abrigo enquanto ela lutava pela recuperação.
Famílias de baixa renda recorrem a métodos perigosos para cozinhar devido ao alto preço do botijão de gás, resultando em acidentes graves e até fatais
Gás para Todos
Em agosto deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou medidas para ampliar o acesso ao Auxílio Gás, visando beneficiar mais de 20 milhões de famílias em 2025. Atualmente, o programa atende 5,6 milhões de famílias. O Auxílio Gás é uma política voltada para aliviar o impacto do preço do gás de cozinha no orçamento de famílias de baixa renda.
No entanto, a ampliação do programa "Gás para Todos", que foi idealizado para substituir o Auxílio Gás, enfrenta dificuldades no Congresso. A proposta de distribuir um botijão de gás a cada dois meses para 20,8 milhões de famílias foi retirada da pauta de urgência, o que torna inviável o cumprimento da promessa de início do programa em 2025.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no G20
Em julho último, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a 'Aliança Global contra a Fome e a Pobreza', uma iniciativa global que visa implementar ações e políticas públicas voltadas para combater a desigualdade social em todo o mundo.
Em seu discurso, Lula citou dados alarmantes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que apontam que 29% da população mundial enfrentou em 2023 restrições alimentares moderadas ou severas. O presidente ressaltou que a nova aliança é uma resposta a esse cenário preocupante.
"A fome é a mais degradante das privações humanas, é um atentado à vida, uma agressão à liberdade”, afirmou o presidente.
Ele também destacou que a fome tem gênero e cor: "A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo".
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