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JUSTIÇA

Feminicídio da adolescente indígena Daiane Griá Sales se tornou símbolo de uma luta silenciada

Mobilização das mulheres kaingang deu origem ao GT Guarita pela Vida, por empoderamento e combate à violência

17.fev.2025 às 21h22
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz e Marcelo Ferreira

xxxxxxxxx - Foto: Alexandre Garcia

A justiça por Daiane Griá Sales foi feita após mais de três anos do crime. A adolescente foi brutalmente assassinada quando tinha 14 anos de idade, em agosto de 2021. Na época, a jovem kaingang da Terra Indígena Guarita, no município gaúcho de Redentora, foi encontrada morta, nua e com o corpo dilacerado. O responsável pelo feminicídio foi o agricultor Dieison Corrêa Zandavalli, um homem branco de 36 anos. 

Ele foi condenado a 36 anos e meio de prisão pelo tribunal do júri, realizado entre os dias 13 e 14 de fevereiro, na cidade de Coronel Bicaco, no interior do Rio Grande do Sul. Os jurados o consideraram culpado por estupro de vulnerável e homicídio com seis qualificadoras (meio cruel, motivo torpe, dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima, para assegurar a ocultação de outro crime e feminicídio).

O caso se tornou símbolo de uma luta silenciada. A violência contra Daiane fez nascer no território o GT Guarita Pela Vida, um movimento das indígenas kaingang que luta pelo empoderamento delas e o combate à violência. "Mostrando que somos protagonistas das nossas próprias histórias", afirma Milena Jynhpó, comunicadora do GT e representante dos jovens indígenas da região.

Confira a reportagem em vídeo:

Segundo ela, a justiça por Daiane é uma reparação histórica. "É a justiça por todas as outras daianes que já existiram, por todas as outras daianes que foram esquecidas, as daianes as quais nunca saberemos que existiram. A justiça por Daiane é uma prova de que quem atenta contra a vida das mulheres, das mulheres indígenas, não sairá impune."

A jurista indigena Viviane Belini, kaingang da terra indígena Votouro, complementa que o caso traz à tona a violência que as mulheres indígenas sofrem dentro e fora dos seus territórios. "São muitos outros casos de mulheres, mulheres indígenas que vêm sofrendo esse tipo de violência. Não só esse, mas muitos outros, violência psicológica, violência financeira, violência de tudo quanto é jeito. Esse caso, a Daiane, representa um símbolo de luta, um símbolo de resistência, um símbolo de reparação até mesmo."

Luto é luta


Comunidade indígena acompanhando o júri popular / Foto: Alexandre Garcia

Daiane teve o sonho de ser professora interrompido. E a família transformou o luto em luta. O tio da adolescente, Jandir Griá, relembra dela com carinho. "Quando criança ela ia na aula e falava pra mim, como tio né, que ‘um dia venho crescer na aula e posso ficar professora’. Ela sempre disse, esse era o sonho dela, ela dizia sempre."

Ele conta que até hoje o sofrimento da perda é grande. "É difícil, né? Não é fácil de suportar, porque dói para a família. Depois que o fato aconteceu, até as irmãs dela ficam assim muito preocupadas, mas a gente vai na luta."

Histórico de violências

O GT Guarita Pela Vida tem atuado no combate à violência que as mulheres sofrem fora e também dentro do território indígena. A reserva de 23 mil hectares abriga o maior contingente de população kaingang do Rio Grande do Sul: cerca de 6,5 mil pessoas. E o histórico de conflitos internos de disputa por poder também é grande.

"O Território Indígena Guarita, ele já é fruto de um processo histórico de violência, porque quando se constrói o processo das demarcações das terras indígenas, joga milhares, centenas de famílias indígenas expulsas de seus locais para um território mínimo. E esse já é um processo, uma violência", explica o secretário municipal de Assistência Social de Redentora, Ivonildo dos Santos Vieira, que também integra o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Também destaca o medo das famílias da região após o feminicídio de Daiane. "Das mães tendo medo de levar, de soltar suas filhas pra estudar, de soltar suas filhas pra irem pra algum aniversário, pra alguma festa das famílias, de medo, né? Gerou uma insegurança total na região, na comunidade e principalmente dentro do Território Indígena Guarita."

Empoderamento e prevenção


Mulheres indígenas estiveram mobilizadas durante os dias de julgamento / Foto: Alexandre Garcia

Atuando para mudar essa realidade, está o GT Guarita Pela Vida. Como conta a indígena e técnica de enfermagem que faz parte do grupo, Regina Sales. "A gente tem vários programas, né, que a gente faz acompanhamento, como na escola e como na saúde, de orientar as mães, até mesmo as crianças adolescentes, para que se protejam. Que obedeçam suas mães, né? Para que isso não venha acontecer."

A iniciativa conta com suporte do Hospital Santo Antônio, que é referência na região. E as ações não param de ser ampliadas. "Desde 2021 a gente vem amplificando as ações, principalmente junto às escolas. E agora, recentemente, o hospital vem implantando o Ambulatório de Atenção à Violência, que visa acolher, de forma mais próxima da comunidade, situações de violência, dando todo o suporte técnico, todo o suporte clínico, médico, psicológico, enfim, social", afirma o assistente social Rodrigo Silveira da Luz. 

Télia Negrão integra o Levante Feminista contra o Feminicídio. Ela conta que o trabalho de GT Guarita Pela Vida, em articulação com o Levante Feminista, ainda está servindo de exemplo para indígenas de todo o Brasil.

"Era normal estuprar uma mulher indígena. Hoje graças a uma luta histórica do movimento de mulheres indígenas, do movimento feminista, do avanço na legislação do feminicídio no Brasil e também do despertar dos olhares para a relação entre a misoginia e a etnofobia, nós temos uma nova forma de acompanhar os feminicídios no Brasil. E de fazer todo um trabalho conjunto do movimento de mulheres e da sociedade pelo fim de todas as formas de violência", avalia.

"Judiciário não pode ser pensado apenas para os brancos"

O advogado da família de Daiane, Bira Teixeira, destaca a organização das mulheres. "Me parece que esse júri, que hoje tem tamanha visibilidade no Brasil inteiro, é fruto dessa mobilização das mulheres, é fruto da mobilização das mulheres indígenas, que não se calaram." 

Para ele, a Justiça ainda não está preparada para acolher os indígenas. "Eu acho que o Tribunal de Justiça, a partir do caso Daiane, precisa, inclusive, repensar o formato de oitiva de testemunhas indígenas, em que neste, em qualquer tipo de caso, nós precisamos melhorar o acolhimento, o acolhimento dos povos indígenas dentro do processo Judiciário. O processo Judiciário não pode ser pensado apenas para os brancos, para os não indígenas. Ele precisa ser pensado para todos", afirma.


Editado por: Katia Marko
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