O deputado federal Alfredinho (PT-SP) protocolou, nesta terça-feira (18), um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostos desperdícios de alimentos para manter os preços altos no mercado nacional.
Segundo uma pesquisa Quaest divulgada no último domingo (16), 80% de pessoas da classe média consideraram que os preços dos alimentos subiram. Entre os brasileiros de classes baixa e alta, 79% consideram o mesmo. A percepção corresponde à realidade. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 5,4% nos últimos cinco meses, mais do que a inflação do ano todo de 2024, de 4,83%. Os alimentos consumidos dentro de casa puxam a alta, com um crescimento de 1,07%.
De acordo com o deputado federal, o aumento dos preços estaria ligado, “provavelmente”, a “grandes agricultores desperdiçando alimentos”. “Querem exportar para fora do país alimentos para vender em dólar ao invés de vender aqui no Brasil para atender a nossa população que tanto necessita de alimentos. Por isso, eu entrei com esse pedido de CPI aqui na Câmara Federal”, disse o parlamentar ao Brasil de Fato.
“Denúncias recentes (…) apontam para possíveis práticas de desperdício intencional de alimentos, com o suposto objetivo de manipular os preços no mercado interno, mantendo-os artificialmente elevados. Tais alegações, se confirmadas, representam uma afronta direta ao combate à fome, à segurança alimentar e ao desenvolvimento econômico e social do país”, afirma o parlamentar na justificativa para a implementação da CPI.
O deputado defende que as possíveis práticas “distorcem o mercado”, comprometendo a estabilidade econômica e social do país. “A instauração desta CPI é essencial para garantir a transparência, a justiça e o equilíbrio no setor alimentício, protegendo os interesses da população e assegurando que o Brasil continue a ser um exemplo global na produção e distribuição de alimentos de forma sustentável e inclusiva”, conclui.
Um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP) indicou que o aumento do preço doméstico de alimentos foi influenciado mais por “fatores internos”, como a chuva no Sul e as secas e queimadas no segundo semestre do ano passado, e recomentou transferências diretas para as populações mais vulneráveis.
“Somente no segundo semestre daquele ano [2024] o índice em dólares começou a registrar aumentos, mas em uma magnitude menor do que a observada em reais. Essa discrepância indica que os fatores internos desempenharam um papel muito mais relevante no aumento dos preços domésticos de alimentos, dado que o comportamento dos preços globais não justifica a aceleração vista no mercado brasileiro”, diz o CLP no estudo.
