O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem uma visita marcada ao acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG), nesta sexta-feira (7). Às 10h, está previsto um ato pela reforma agrária no local que também deve contar com a participação do presidente.
Na ocasião, o governo deve anunciar o lançamento de crédito e o assentamento de 12 mil famílias, segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. “O presidente Lula e nós vamos estar lá nesse grande anúncio da reforma agrária”, disse ele em vídeo gravado ao lado do líder do MST, João Paulo Rodrigues. Teixeira também afirmou que os anúncios são referentes a todo o país.
Essa é a primeira visita de Lula a um acampamento do MST ao longo do terceiro mandato do presidente. No início do mês passado, o governo havia confirmado a ida dele ao local, mas a agenda não se concretizou. O compromisso acontece em meio a cobranças do movimento para que o governo dê mais atenção à temática da reforma agrária.
Em conversa com o Brasil de Fato, Silvio Neto, da direção do MST em Minas Gerais, afirmou que a participação do presidente no ato abre uma nova fase para a pauta como meio de desenvolvimento, combate à fome no país e enfrentamento da agricultura predatória latifundiária.
“É um caminho novo para enfrentar a fome e a especulação que é feita com os preços dos alimentos e que promove a alta nos preços. Esperamos que esse ato desperte a sociedade e o próprio governo para que possa se intensificar o assentamento das 65 mil famílias acampadas por todo o país.”
Em quase 30 anos de luta e resistência, o Quilombo Campo Grande já foi alvo de mais de 10 tentativas violentas de despejo. No ano de 2020, durante a pandemia de covid-19, a Polícia Militar de MG invadiu o local, destruiu plantações e uma escola, construída pelos trabalhadores e trabalhadoras.
A área pertencia à Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), antiga administradora da Usina Ariadnópolis Açúcar e Álcool S/A. A empresa decretou falência ainda nos anos 1990, sem pagar os direitos trabalhistas aos funcionários, que decidiram ocupar a terra.
No ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela impossibilidade de recuperação judicial da companhia. Segundo Silvio Neto, frente a esse histórico, a visita de Lula é simbólica.
“É um momento realmente histórico que vai estar presente nos livros de história do futuro. Depois de 27 anos de conflito e luta pela terra e 11 tentativas de despejo, com destruição de lavouras, com sucessivas ameaças às famílias, que por várias vezes perderam suas casas.”
Atualmente, o acampamento abriga mais de 450 famílias agricultoras, que produzem centenas de alimentos. Nessa lista está o Café Guaií, plantado de maneira orgânica e sustentável e que se tornou referência da produção.