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Samba e origens

Enredo sobre Exu-mulher dá título a escola do grupo de acesso de SP

08.mar.2025 às 17h01
Elaine Patricia Cruz
|Agência Brasil
Enredo sobre Exu-mulher dá título a escola do grupo de acesso de SP

Foto: Liga SP/ Reprodução - Escola trouxe o matriarcado nagô para a avenida

“Eu sou da ralé…ôôô. Você me excluiu e rejeitou. Mas vou seguir a minha fé. Na luta e resistência da mulher”. Foi com o enredo Exu-Mulher que a Pérola Negra venceu o Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo e voltará a entrar no Sambódromo do Anhembi neste sábado, às 20h45, no Desfile das Campeãs, que será exibido com exclusividade pela TV Brasil.

O tema da escola foi baseado no livro Exu-Mulher e o matriarcado nagô: masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés, escrito pela jornalista, pesquisadora e especialista em cultura afro-brasileira e religiões de matrizes africanas Claudia Alexandre. No ano passado, o livro, que é baseado em sua tese de doutorado, foi vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Ciências da Religião e Teologia.

No livro, Claudia Alexandre discute como a representação de Exu, orixá cultuado nas religiões de matrizes africanas, sempre esteve associado ao seu lado masculino no Brasil.

“Exu-Mulher, que eu destaco no livro, é essa parte retirada e ocultada da constituição de Exu. Dizer que ele é masculino ajuda a reforçar a ideia de ele ser o diabo-cristão. É o que os primeiros exploradores e missionários que chegam nessas regiões de África tentaram reforçar quando tomaram contato com as representações de Exu, onde havia figuras com o pênis proeminente ao lado de outra figura com seios exagerados e a vagina demarcada e desproporcionais”, disse ela, em entrevista à Agência Brasil.

“As descrições que chegaram no ocidente era de que os negros faziam rituais promíscuos, degradantes e demoníacos. Inclusive, para reforçar que tinham encontrado o culto ao demônio, excluíram as descrições das figuras com anatomias femininas”, acrescentou.

Na realidade, explicou ela, Exu representava tanto o homem quanto a mulher, “apontando para a inseparabilidade das coisas e das pessoas”. E como elemento mais importante do sistema na concepção dos povos yourubá, destacou a pesquisadora, Exu é o possuidor dos princípios dinâmicos da vida. “Suas representações eram sempre por pares de estatuetas com anatomias masculina e feminina. Exu é a possibilidade das relações sem hierarquia de gênero”, descreveu.

“Em muitas localidade da África Ocidental – como Nigéria, Benin, Togo e Gana – existem famílias inteiras de culto a Exu, onde ele é representado sempre em pares, o que representa o poder de movimento, procriação, fertilidade, fecundidade, além da sexualidade”, completou.

Esse processo de masculinização do orixá e sua consequente demonização foram as principais transformações que Exu sofreu na travessia atlântica entre a África e o Brasil, principalmente com a escravização dos povos negros. “A exclusão da representação feminina de Exu ocorre a partir da invasão patriarcal colonial na região de culto a orixás e voduns, na área ocidental, a partir do século 16.

Os grupos de exploradores, missionários e comerciantes de escravizados foram os responsáveis pelas primeiras descrições sobre o comportamento, organização e práticas rituais das comunidades. Ao se depararem com rituais em devoção ao elemento Exu, que sempre estava representado em pares – feminino e masculino – eles argumentam ser esse um culto ao demônio e, no esforço de justificar suas narrativas, inclusive de que os negros africanos eram corpos sem alma e deveriam ser salvos pelo batismo e pela escravização europeia, masculinizaram essa divindade e excluíram qualquer citação às figuras femininas”.

Essa demonização contribuiu para que, ao chegar ao Brasil, as narrativas hegemônicas sobre os orixás prevalecessem, e a face feminina de Exu fosse esquecida ou silenciada. “Por essa razão, até mesmo Exu, por muito tempo, causou tensão para o sistema religioso do candomblé. As figuras em pares acabaram não se popularizando nas religiões afro-brasileiras. As mulheres negras que lideraram o s primeiros terreiros silenciaram sobre a existência desse elemento, pois além de demonizado, se tornou demonizante”, afirmou a pesquisadora.

Luta e resistência

Neste dia em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, Claudia Alexandre destaca não somente a memória sobre a face feminina de Exu, mas também a luta e resistência das mulheres negras do Brasil. “Não é à toa que o livro reverencia o Matriarcado nagô e fala sobre as lutas das mulheres negras desde a escravização no Brasil até a resistência pelo sagrado, que possibilitou a formação dos candomblés na Bahia, mas também foram importantes para a formação das escolas de samba no Rio de Janeiro”, disse ela.

“É importante reconhecer que essas mulheres de terreiros continuam resistindo e que as perseguições e opressões ainda são realidades cotidianas. O racismo religioso cresce e aponta um retrocesso, que tem atingido mais mulheres que comandam os terreiros por todo o Brasil. Exu-Mulher ser lida e conhecida também ajuda nessa luta porque ela é parte de cada uma dessas mulheres negras que lutam contra a discriminação e a invisibilização”, acrescentou.

Escola de samba

Todo esse debate sobre a exclusão dos traços de feminilidade de Exu se transformou em samba-enredo da Pérola Negra e a tornou campeã do Grupo de Acesso 2. O desfile da escola, assinado pelo carnavalesco Rodrigo Meiners, tratou sobre a força da transformação e a resistência das mulheres negras na manutenção da cultura afro-brasileira.

“Para mim, [o título] foi uma surpresa maravilhosa. Uma espécie de coroação à minha trajetória. Minha primeira grande reportagem no Carnaval foi a inauguração em 1991 do Sambódromo do Anhembi. Passei noites escrevendo, comentando e narrando os desfiles de São Paulo e, nem em sonho imaginei que um dia uma pesquisa minha fosse inspirar o enredo campeão de uma escola de samba, especialmente da Pérola Negra que precisava se superar e retornar ao Grupo de Acesso 1”, comentou a pesquisadora, que também é estudiosa sobre escolas de samba.

“O carnavalesco Rodrigo Meiners, que também estreou neste ano, foi muito cuidadoso. Entendeu o trabalho, me levou para uma palestra na comunidade e foi incrível na preparação da narrativa do desfile”, disse ela.

Além de inspirar o enredo, Claudia Alexandre também desfilou pela escola. “Fiquei muito emocionada em ver o pavilhão estampado Exu-Mulher e por ter desfilado em um carro alegórico que representava o tema da pesquisa”, afirmou.

Conteúdo originalmente publicado em Agência Brasil
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