A China anunciou, nesta sexta-feira (4), a aplicação de tarifas adicionais de 34% sobre todas as importações provenientes dos Estados Unidos, como resposta direta à ofensiva tarifária do presidente norte-americano Donald Trump, que impôs a mesma alíquota sobre produtos chineses no início da semana. A medida entra em vigor a partir de 10 de abril.
Além disso, Pequim informou que vai impor controles sobre a exportação de sete elementos de terras raras — entre eles o gadolínio e o ítrio, essenciais para equipamentos médicos e produtos eletrônicos — e que levará a disputa à Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo chinês classificou as tarifas de Washington como uma “intimidação unilateral” que fere normas internacionais.
Ao mesmo tempo, as importações de seis empresas dos EUA foram suspensas na China pela Administração Geral de Alfândegas do país. Uma delas é a C&D (USA) INC, que atua nos EUA, mas pertence à chinesa COFCO. A administração de alfândegas detectou níveis excessivos de zearalenona, uma substância tóxica produzida por alguns tipos de fungos, no sorgo exportado pela empresa para a China, recentemente.
Outras empresas com exportações suspensas foram: American Proteins, Mountaire Farms of Delaware, Darling Ingredients. Recentemente elas tiveram detectada salmonella em suas exportações de carne de aves e farinha de ossos.
A Administração Geral de Alfândegas anunciou, em um segundo comunicado, a suspensão da importação de produtos avícolas de duas empresas, Mountaire Farms of Delaware e Coastal Processing.
Produtos de frango dessas empresas tiveram detectado o antibiótico furacilina, proibido na China. A entidade afirmou no comunicado que a decisão foi tomada “para evitar riscos à segurança alimentar na fonte, de acordo com as leis, regulamentos e padrões internacionais chineses correspondentes”.
A escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo provocou forte turbulência nos mercados. Os preços internacionais do petróleo despencaram: o barril do Brent caiu mais de 6%, e o WTI, cerca de 6,6%. Bolsas da Ásia, Europa e dos EUA operaram em queda acentuada, com o S&P 500 registrando sua maior baixa diária desde 2020. Investidores migraram para ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro norte-americano, cujo rendimento caiu para o menor nível desde outubro.
No Brasil, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) monitora de perto os desdobramentos da crise e estuda uma possível retaliação, embora a prioridade seja buscar uma saída negociada com os EUA. O objetivo é proteger setores estratégicos, como o aço e o alumínio, que podem ser diretamente atingidos pelas barreiras comerciais impostas por Washington. A estratégia brasileira envolve, ao mesmo tempo, sinalizar capacidade de reação e insistir no diálogo bilateral para reverter ou mitigar os impactos do tarifaço.
*Colaborou Mauro Ramos, de Pequim.