O PT já começou a se mobilizar para as eleições ao governo do estado e ao Senado no Rio Grande do Sul em 2026. O presidente interino nacional da sigla e vice-presidente do Senado, o pernambucano Humberto Costa, esteve em Porto Alegre nesta sexta-feira (4) para uma série de encontros com dirigentes locais para iniciar tratativas, ampliar a federação de partidos ligados ao PT e ver possíveis nomes para as eleições majoritárias. Não há nada concretizado, só reuniões, e busca de unidade para ampliar apoio ao governo Lula, que enfrenta dificuldades e rejeição por parte da sociedade.
Em entrevista coletiva na sede do PT, no Centro Histórico de Porto Alegre, ao lado de nomes expressivos do partido no RS, Humberto Costa ressaltou a importância da união neste momento para dar respaldo a Lula e para que o partido retome o governo do estado e eleja em 2026 dois nomes para o Senado.

“Temos grandes nomes e citou, entre eles, Pepe Vargas, atual presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Pimenta, ex-ministro de Lula e deputado federal, Manuela D’Ávila, sem mandato e sem partido atualmente depois de sair do PCdoB, Juliana Brizola, do PDT, Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), entre tantos outros”, afirmou ele. “Precisamos aumentar também nossa bancada na Câmara federal.”
Garantiu que ainda são necessárias muitas conversas, integrar novos partidos à federação, como o PDT, PCB, PSB e fortificar mais a sigla. “O que temos hoje são conversas, discussões, procura por convergências, superar eventuais divergências e nos tornar mais fortes na disputa com a direita e extrema direita. Lula tem forte apoio popular, mas precisa muito mais, angariar mais solidariedade ao governo, que está no rumo certo, com bons programas sociais e retomando agendas populares deixadas de lado pelos governos Temer e Bolsonaro.”
Equívocos

Com relação ao quadro de desesperança de parte da população brasileira com o governo, principalmente no campo econômico, além da falta de uma comunicação mais contundente, Humberto Costa ressaltou que o PT se equivocou em algumas questões.
“Em 2003, no primeiro mandato de Lula, fomos mais agressivos ao batermos na herança maldita recebida de Fernando Henrique Cardoso. Agora, não. Faltou um posicionamento mais forte. A sociedade está mais dividida e nós, governo, não aprofundamos as críticas sobre a tragédia estrutural do país, o desmonte geral de programas positivos para a população. Estamos reconstruindo tudo, desenvolvendo iniciativas importantes para educação, saúde, transporte e justiça social, buscando maior equilíbrio”, reforçou o senador.
Na questão econômica, com muitas queixas sobre os preços dos alimentos, Humberto Costa disse que o governo está trabalhando incansavelmente nesta área. “Lula e sua equipe estão procurando soluções e, aos poucos, vão obter resultados mais consistentes. Posso dizer que nossa situação econômica está apenas razoável, mas começa a melhorar. A inflação continua caindo, os empregos aumentando e o dólar baixando a sua cotação em relação ao real. Temos bandeiras importantes e breve vão proporcionar mudanças e mais justiça tributária. O programa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e outras alterações e desonerações do IR vão mudar o cenário. Tenho certeza disso”, garantiu.
Eleições presidenciais

Humberto Costa considera as eleições presidenciais de 2026 muito difíceis. “Lula ganha em praticamente todas as pesquisas, é competitivo, mas até lá o governo precisa mostrar mais unidade. Ao mesmo tempo, acho que a direita e extrema direita não têm condições de se unir. São muitas candidaturas dispersas. Dificilmente vão chegar a um consenso.”
Ressaltou que o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 é uma questão em aberto. Acha difícil, há muita gritaria, pressão, mas é uma polêmica que será superada, segundo ele. “Na verdade, o que querem é anistiar Bolsonaro, como todo mundo fala. O Supremo Tribunal Federal (STF) está agindo com serenidade e, aos poucos, vai reduzir penas para os envolvidos, arrefecer e oferecer alternativas, como prisão familiar, tornozeleiras eletrônicas e outras opções jurídicas.”
Mandato-tampão
Humberto Costa garantiu, na entrevista coletiva, que não será candidato à presidência do PT em julho. Ele está cumprindo os últimos meses do mandato de Gleisi Hoffmann, alçada à condição de ministra de Relações Institucionais de Lula. O candidato mais forte e mais próximo de Lula é o Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP), mas há outros nomes. “Não posso almejar o cargo. Quero me reeleger senador por Pernambuco em 2026 e vou estar muito envolvido com a campanha”, disse.
Paulo Pimenta analisa reconstrução

Participaram da entrevista coletiva, a presidenta do PT do RS, Juçara Dutra Vieira, os deputados federais Paulo Pimenta e Denise Pessôa, o secretário geral do PT Nacional, Henrique Fontana, e a deputada estadual e presidenta do PT de Porto Alegre, Laura Sito.
No encontro com jornalistas, Paulo Pimenta também analisou momentos do seu tempo de ministro da Reconstrução do RS no período das enchentes. “O governo federal ajudou com quase R$ 100 bilhões, foi fundamental para recuperar a economia gaúcha e fazer o seu PIB crescer 4,9%. Sem ajuda do governo Lula seria uma catástrofe. Jamais o governo [Eduardo] Leite vai admitir. Não sabe agradecer. A política impede que haja este reconhecimento e esta racionalidade”, disse.
Afirmou que o estado sozinho e a iniciativa privada não têm condições e nem vontade para fazer tudo que o governo Lula fez pelo RS. “O ministro dos Transportes, Sarney Filho, me contou que ao inaugurar uma ponte levada pelas águas quem foi a estrela foi o governador Leite. Quem pagou toda a ponte foi a União e isso nem sequer foi lembrado no evento e nas entrevistas.

