Valorizando os cantos de cura, espiritualidade e resistência do povo Guarani Nhandewa, os artistas Valdemir Marcolino (Xamõi Tupã) e Sueli de Oliveira Marcolino (Djatsa’á Nhandewa) lançam no dia 19 de abril, Dia Internacional dos Povos Indígenas, o álbum Tapé Nhanderu. Disponível nas principais plataformas digitais, o projeto possui quatro faixas autorais — “Floresta Mata Verde”, “Aã Txeru”, “Fogo Sagrado” e “Oporai” — gravadas na Aldeia Araçaí, no Paraná, e gravadas em estúdio pela WeeDoo Music, de Cesinha Mattos. O projeto, que inclui show em aldeia urbana e roda de conversa, é produzido pela Trópicº, produtora audiovisual. No canal @Tropico no Youtube, serão disponibilizadas as músicas em vídeo em versão acústica.
O nome do álbum, Tapé Nhanderu, significa “o caminho do criador” e remete à conexão espiritual entre os seres humanos, a natureza e os espíritos. “Nós fomos honrados pelo Pajé, que me acompanhou desde a minha meninice, junto com meus pais e meus irmãos. Tive o aprendizado dos rezos e dos cantos sagrados na casa de rezo quando eu ia com a minha mãe. Hoje estou nesta caminhada, consagrando as medicinas da floresta. O canto da floresta traz paz, amor e alegria, esperança e sabedoria”, destaca Sueli de Oliveira Marcolino, intérprete e compositora das músicas “Floresta Mata Verde” e “Fogo Sagrado”.
Show na aldeia urbana
Além do lançamento digital, o projeto inclui um show da dupla na Kakané Porã, primeira aldeia urbana da Região Sul do Brasil, localizada em Curitiba (PR). A apresentação está marcada para o dia 19 de abril, como parte da programação especial pelo Dia dos Povos Indígenas. A Kakané Porã está localizada na Estrada Delegado Bruno de Almeida, 5400 – Campo de Santana.
No dia 30 de abril, às 19h, haverá uma roda de conversa presencial com Valdemir e Sueli no MAI – Museu de Arte Indígena de Curitiba. Durante o encontro, a dupla vai abordar o papel da música na preservação da memória ancestral, os desafios enfrentados pelos povos originários no Sul do Brasil e a importância de garantir espaços de escuta e visibilidade às culturas indígenas. A atividade será aberta ao público e busca aproximar diferentes públicos da riqueza simbólica, espiritual e política presente nos cantos Guarani.
Música como resistência
Este é o primeiro álbum autoral de Valdemir e Sueli. A iniciativa se soma a outras ações recentes de valorização da cultura indígena no Brasil, mas ainda é raro encontrar registros autorais com esse nível de autonomia, qualidade técnica e protagonismo dos próprios artistas indígenas. Valdemir reforça que a intenção é manter a cultura Guarani Nhandewa viva. “Nós queremos compartilhar os rezos, os cantos de alegria para fortalecer. Não deixar nossa cultura morrer. Porque se nós, os povos originários, não nos apegarmos à nossa cultura, ela vai ser extinta. Porque nós enfrentamos muito preconceito. Todo esse trabalho que estamos fazendo é para fortalecer e descriminalizar nossa cultura, que é a raiz do Brasil”.
A cultura Guarani — dividida em subgrupos como Mbya, Kaiowá e Nhandewa — é uma das mais numerosas e antigas do país. Os Nhandewa somam cerca de 8 mil pessoas no Brasil, espalhadas principalmente pelos estados do Sul e Sudeste, e têm enfrentado sucessivos processos de apagamento e perda territorial. Em meio à urbanização, ao preconceito e à violência institucional, iniciativas como Tapé Nhanderu afirmam o direito à memória e à voz. O lançamento de Tapé Nhanderu e convida a repensar o lugar das vozes indígenas na cultura brasileira como pensamento vivo, criativo e transformador.
Ficha técnica
Álbum Tapé Nhanderu
Artistas: Valdemir Marcolino (Xamõi Tupã) e Sueli de Oliveira Marcolino (Djatsa’á Nhandewa)
Lançamento: 19 de abril (Dia dos Povos Indígenas)
Plataformas: Spotify, Deezer, Apple Music e demais serviços de streaming. Acompanhe em encantaria.hearnow.com/tapé-nhanderu
Produção: Trópicº
Distribuição: Encantaria
Apoio: Weedoo Music