Nesta quinta-feira (17) completou-se 48 horas do atropelamento ocorrido na avenida General San Martin, no bairro do Cordeiro, zona oeste do Recife, e o condutor ainda não se apresentou à 4ª Delegacia de Homicídios de Pernambuco, que conduz as investigações do caso. Com a demora da detenção, o motorista já não pode ser preso em flagrante e deve responder em liberdade. Ele teria jogado seu carro, um Ford EcoSport branco, contra trabalhadores rurais que realizavam uma caminhada pacífica.
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As testemunhas informam que a marcha do Movimento dos Sem Terra (MST) seguia caminhada ocupando apenas uma faixa da avenida. Os camponeses haviam saído da Praça da Chesf, caminhado por apenas um quilômetro e estavam na via entre o Compaz do Cordeiro e o centro de distribuição dos Correios, quando se depararam um veículo que se lançou contra a marcha. Homens tentaram conter o automóvel, mas o motorista, após falhar na primeira tentativa, conseguiu passar o carro por cima de um idoso que estava caído no chão. O condutor ainda subiu a calçada para conseguir fugir do local e quase atropelou outro pedestre.
A vítima é Gideone Menezes, de 67 anos, agricultor familiar do município de Goiana, na zona da mata norte do estado. Dois pneus do veículo passaram sobre o seu corpo. Ele sofreu lesões graves no abdome, costelas, na bacia, nos genitais e ferimentos na cabeça. Seus órgãos internos saíram do lugar. O idoso segue internado na UTI do Hospital da Restauração, em coma induzido e em estado grave após ser submetido a uma série de cirurgias no tórax e na cabeça.
Outro ferido foi Samuel Scarponi, trabalhador rural de Vitória de Santo Antão, que sofreu cortes no braço esquerdo e passa bem. Assista ao depoimento de Samuel aqui.
Quem lidera a investigação do caso é o delegado Diego Jardim. A polícia foi à casa do condutor, encontrou o veículo e ouviu testemunhas que estavam no carro com ele no momento do atropelamento, mas o motorista já havia fugido. “A Polícia Civil de Pernambuco apreendeu um veículo encontrado durante as primeiras diligências. O motorista também foi identificado, mas não teve seu nome divulgado. Até o momento ele encontra-se foragido. A 4ª Delegacia de Homicídios da PCPE segue com as investigações”, resume a nota enviada pela Polícia Civil ao Brasil de Fato.
A advogada que acompanha o caso, Nara Santa Cruz, informa que promotores de Justiça, uma conselheira de Direitos Humanos também se somaram para cobrar celeridade nas investigações. “Nós enviamos ofícios ao Governo de Pernambuco, ao Ministério da Justiça, ao Ministério dos Direitos Humanos pedindo uma investigação rigorosa do caso”, diz. Santa Cruz lembra ainda que o MST solicitou previamente que a marcha fosse acompanhada pela Autarquia de Trânsito do Recife (CTTU) e pela Polícia Militar.