O Ministério Público de São Paulo (MPSP) instaurou, nesta quarta-feira (16), um inquérito para investigar os policiais de São José do Rio Preto, no interior do estado, que publicaram um vídeo no qual aparecem em frente a uma cruz em chamas e fazendo gestos nazistas utilizados por grupos supremacistas brancos, como a Ku Klux Klan, nos Estados Unidos. Na terça-feira (15), a própria PM informou que investigará o caso.
As imagens também mostram um policial fazendo uma espécie de juramento em um segundo vídeo do mesmo registro, obtido pela Ponte Jornalismo. “Incorporando-me ao 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia, prometo honrar esse brasão como símbolo da dignidade, moralidade, legalidade e lealdade, pela defesa da sociedade paulista, pelas tradições do Baep e da Polícia Militar do Estado de São Paulo, se preciso, com o sacrifício da própria vida”, diz o policial militar com o braço em riste.
O vídeo foi publicado no Instagram pelo perfil do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), mas foi excluído após a repercussão negativa. Além da cruz, o vídeo mostra um corredor de velas acesas, fumaça de sinalizadores vermelhos e a sigla Baep e viaturas ao fundo.
Em um vídeo também publicado nas redes sociais após a repercussão do caso, o coronel Costa Junior comandante do 9° Baep disse que a encenação é uma espécie de boas-vindas aos policiais recém ingressados.
“Existem alguns elementos naquela cerimônia, como a estrutura em formato de cruz envolto em chamas, aquela estrutura simboliza a vitória sobre os sacrifícios e o peso que doravante o policial adquire para honrar esse Baep que conquistaram. Temos ali um caminho iluminado que simboliza também toda a trajetória difícil percorrida pelos policiais até chegarem à etapa do juramento”, justifica o comandante.
“Devemos esclarecer que em nenhum momento tivemos alguma intenção de trazer uma cerimônia com cunho religioso, político ou racial. Isso não faz parte da nossa rotina, nós não fazemos rituais, nós cumprimos cerimônias e esse foi o único propósito daquilo que aconteceu ontem. Optamos em retirar [o vídeo do ar] devido a toda essa repercussão que não desejávamos”, completou Costa Junior.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), reforçou que o caso está em investigação. “A Polícia Militar é uma instituição legalista e repudia toda e qualquer manifestação de intolerância. Assim que tomou conhecimento das imagens, a Corporação instaurou um procedimento para investigar as circunstâncias relativas ao caso. A Corporação não compactua com desvios de conduta e reforça que qualquer manifestação que contrarie seus valores e princípios será rigorosamente apurada e os envolvidos responsabilizados”, informou.