Um ano após adotarem a semana de trabalho de quatro dias, empresas brasileiras participantes de um experimento relataram aumento de produtividade, engajamento e bem-estar dos funcionários. Os resultados são do relatório piloto divulgado nesta semana sobre a redução da jornada de trabalho no Brasil.
19 empresas brasileiras realizaram o projeto nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, coordenado pela 4 Day Week Global (Semana de Quatro Dias Global, em tradução livre) em parceria com a Reconnect Happiness At Work, especializada em felicidade no trabalho.
Após um ano de teste, o expediente foi reduzido para cerca de 35 horas semanais. O modelo adotado foi o 100-80-10, que significa: pagamento integral do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade.
Foram três meses de preparação, de setembro a dezembro de 2023, até que, em janeiro de 2024, os trabalhadores começaram a atuar com a carga horária reduzida. Segundo o relatório do experimento, os funcionários relataram mais energia para realizar as tarefas, redução da ansiedade e insônia, e melhora na conciliação da vida pessoal e profissional.
A maioria das companhias que participaram são das áreas de tecnologia, comunicação e consultoria. Um hospital também participou, com funcionários da área administrativa. Elas registraram alta de 60% no engajamento dos funcionários, 44% na capacidade de cumprir prazos, além de aumento de faturamento em mais de 70% dos casos.
70% das empresas, por sua vez, disseram ter aumentado o faturamento no último ano. No entanto, demonstraram preocupação em manter o modelo a longo prazo. Além de mais bem-estar e tempo livre para os trabalhadores, a proposta pode ajudar a reduzir o desemprego e proteger o meio ambiente.
A redução da jornada de trabalho sem diminuição de salários é uma reivindicação histórica do movimento sindical brasileiro. O fim da escala 6×1 é tema da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), da deputada Erika Hilton (Psol-SP), que pretende estabelecer a jornada máxima de trabalho de 36 horas semanais em quatro dias por semana.
O relatório sobre a percepção dos chefes e funcionários sobre a semana de 4 dias no Brasil teve dados coletados em parceria Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV (FGV-EAESP). Leia a pesquisa completa neste link.
Confira alguns destaques:
- 97% passaram a priorizar o que realmente importa
- 84% relataram melhora na saúde mental
- 81% encontraram formas mais eficientes de trabalhar
- 93% sentiram mais colaboração entre equipes
- 42% só voltariam à semana de 5 dias com aumento acima de 50%