Entre os dias 1ª ao 17 de abril, quando é realizada a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou 28 ocupações de terra e formou dois novos acampamentos.
De acordo com o balanço divulgado pelo movimento, também foram feitas manifestações, outros tipos de mobilizações e cinco ocupações em prédios públicos ligados ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), totalizando 55 ações.
O objetivo foi avançar nas negociações para a desapropriação de áreas improdutivas e que não cumprem sua função social, visando garantir o assentamento das famílias acampadas. a jornada, também conhecida popularmente como Abril Vermelho, mobilizou cerca de 50 mil militantes em 47 municípios de 20 estados: Tocantins, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
As mobilizações também marcaram o aniversário de 29 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, no trecho conhecido como Curva do S, na BR-155, no Pará. A tragédia resultou no assassinato de 21 trabalhadores rurais Sem Terra pela Polícia Militar, durante uma marcha em que famílias camponesas reivindicavam o direito à Reforma Agrária.
“Em 29 anos, este chão de luta que é a Amazônia, que é a Curva do S, a poesia, as músicas e discursos se misturam aos gritos de indignação e aos pedidos de justiça. A marcha interrompida de Eldorado do Carajás escancara a crueldade das elites e a capacidade revolucionária da organização popular. O Acampamento da Juventude, a JURA [Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária], as ocupação e mobilizações no Pará mantém essa memória acesa”, Pablo Neri, da direção nacional do MST no Pará.
De acordo com o movimento, pelo menos 65 mil famílias acampadas aguardam a criação de assentamentos. “2025 tem sido marcado por muitas jornadas que têm buscado desencadear um processo de forças tanto para retomar a pauta da reforma agrária junto à sociedade brasileira, mas concretamente seguir pressionando em negociação, avançando junto do governo para que ele possa realizar entregas concretas.” afirma Ceres Hadich, da direção nacional do movimento.
Até o fim do mês, mais mobilizações estão previstas. Duas entregas de assentamento por parte do presidente Lula Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sendo uma no estado do Pará no próximo dia 25, e outra no Paraná no dia 30, também estão no calendário. “São fruto desse processo de acumulação de força, negociação e também uma resposta do presidente para essa demanda que os movimentos têm apresentado, de ele estar, de fato, mais próximo do povo e fazendo entregas concretas”, afirma Hadich.
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