O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou neste sábado (19) a suspensão de todas as ações militares na Ucrânia “das 18h do dia 19 de abril até as 00h do dia 21 de abril”. A informação foi confirmada pelo serviço de imprensa do Kremlin.
De acordo com o líder russo, a anunciada “trégua de Páscoa” de 30h permaneceria em vigor sob a condição de que a Ucrânia também respeitasse a suspensão das ações militares.
“Ordeno que todas as operações militares sejam interrompidas por este período. Presumimos que o lado ucraniano seguirá nosso exemplo. Ao mesmo tempo, nossas tropas devem estar preparadas para repelir possíveis violações do cessar-fogo e provocações do inimigo, bem como quaisquer de suas ações agressivas”, disse Putin.
O presidente russo acrescentou que anteriormente Kiev havia violado “mais de cem vezes” os acordos de trégua sobre ataques a infraestruturas energéticas da Rússia e da Ucrânia.
A declaração de Vladimir Putin aconteceu durante uma reunião no Kremlin com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Russas, Valery Gerasimov.
“A trégua da Páscoa mostrará quão sincera é a prontidão do regime de Kiev, seu desejo e até mesmo sua capacidade de cumprir os acordos, de participar do processo de negociações de paz que visam eliminar as causas profundas da crise ucraniana”, acrescentou.
O Ministério da Defesa russo publicou por meio do seu canal oficial do Telegram que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Russas deu ordens de cessar fogo a “todos os comandantes de grupos na zona de operação militar especial [nome oficial usado pelo Kremlin para designar a guerra]”.
“O cessar-fogo está sendo introduzido por motivos humanitários e será observado pelo Grupo Conjunto de Tropas da Rússia, desde que seja mutuamente observado pelo regime de Kiev”, declarou o Ministério da Defesa.
Ucrânia confirma adesão “de forma espelhada”
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky confirmou que “a Ucrânia agirá de forma espelhada, de acordo com o lado russo”. “Silêncio em resposta ao silêncio, golpes em defesa contra golpes”, completou.
“Se a calmaria completa realmente reinar, a Ucrânia propõe estendê-lo além da Páscoa em 20 de abril”, continuou ele.
“Isso mostrará as verdadeiras intenções da Rússia, porque 30 horas são suficientes para manchetes, mas não para medidas reais de construção de confiança”, enfatizou o presidente ucraniano.
Inicialmente, as autoridades ucranianas comentaram de maneira vaga a anúncio de Putin, sem confirmar precisamente se Kiev iria aderir à trégua. Zelensky havia classificado o anúncio como “a mais recente tentativa de Putin de brincar com a vida das pessoas”, acrescentando que um alerta de ataque aéreo se espalhou pela Ucrânia durante este sábado.
“Às 17h15 [horário local], drones de ataque russos foram detectados em nossos céus. A defesa aérea e a aviação ucranianas já começaram a trabalhar na defesa. [Os drones] ‘Shaheds’ em nossos céus são a verdadeira atitude de Putin em relação à Páscoa e à vida das pessoas”, escreveu Zelensky em seu canal no Telegram.
Já o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriy Sybiha, manifestou ceticismo em relação às intenções de Putin e fez referência à recusa da proposta de cessar-fogo de 30 dias sugerido pelos EUA em março.
“Em 11 de março, concordamos incondicionalmente com a proposta dos EUA de um cessar-fogo provisório completo por 30 dias. A Rússia recusou, e essa recusa russa aos Estados Unidos já dura 39 dias”, afirmou.
“Agora, Putin fez declarações sobre sua suposta prontidão para um cessar-fogo. Em vez de 30 dias, 30 horas. Infelizmente, temos um longo histórico de declarações que não correspondem às suas ações. Sabemos que suas palavras não são confiáveis e não vamos olhar para as palavras, mas para as ações”, acrescentou o ministro.