O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, irão nos próximos dias a Roma, na Itália, para participar do velório e do enterro do papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) confirmou ao Brasil de Fato que a viagem está definida e que a comitiva do presidente deve ser definida na próxima terça-feira (22). A data da ida, no entanto, dependerá do cerimonial do Vaticano.
Ainda não há definição oficial, por parte do Vaticano, sobre o dia e o local do funeral. A previsão é que a cerimônia ocorra entre sexta-feira (25) e domingo (27), com ritos que seguirão o Ordo Exsequiarum Romani Pontificis — manual litúrgico cujas diretrizes foram simplificadas pelo próprio Francisco em novembro de 2024. O protocolo prevê até nove dias de cerimônias.
Amizade
Lula e Francisco mantinham uma relação de proximidade e afinidade política, marcada por encontros e gestos simbólicos desde que o petista deixou a prisão. O primeiro encontro ocorreu em fevereiro de 2020, três meses após a libertação do ex-presidente.
Em junho de 2018, quando Lula ainda cumpria pena na sede da Polícia Federal em Curitiba, um enviado do papa tentou entregar ao petista um terço abençoado por Francisco. A entrada foi barrada pelos agentes federais, mas o presente foi entregue posteriormente, acompanhado de uma mensagem. A Santa Sé esclareceu que o gesto era de natureza pessoal e não institucional.
Desde que voltou à Presidência, Lula voltou a se encontrar com o papa duas vezes. Em junho de 2023, esteve com Francisco no Vaticano ao lado da primeira-dama, Janja. No ano seguinte, os dois se reuniram durante a cúpula do G7, em Puglia, no sul da Itália. Os encontros foram marcados por alinhamento em temas como o combate à fome, justiça social e defesa da paz em conflitos como a guerra na Ucrânia e os bombardeios na Faixa de Gaza.
O diálogo entre ambos sempre esteve atravessado por críticas à judicialização da política. Em entrevista ao jornal espanhol ABC, publicada em 2022, Francisco afirmou que a Operação Lava Jato foi impulsionada por “notícias falsas na mídia que criaram um clima favorável ao julgamento”. Segundo o pontífice, o caso de Lula foi marcado por irregularidades processuais e manipulação midiática. “Eles armam o cenário através da mídia de tal forma que têm um efeito sobre aqueles que devem julgar e decidir”, declarou.