O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) montou um acampamento com cerca de 300 famílias em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Palmas, capital do Tocantins, nesta terça-feira (22). De acordo com o movimento, o acampamento tem caráter permanente até a visita de alguma autoridade de Brasília.
A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária do MST, também conhecida como Abril Vermelho, numa referência ao Massacre de Eldorado do Carajás, que aconteceu em 17 de abril de 1996, no Pará.
O MST afirma que o acampamento foi constituído após “uma semana marcada por violência e ilegalidades cometidas pela Polícia Militar do estado contra os trabalhadores rurais”. De acordo com o movimento, na madrugada do dia 16 para o dia 17 de abril, a PM teria intimidado famílias do acampamento Beatriz Bandeira, localizado no município de Caseara, a cerca de 260 quilômetros de Palmas. O grupo estava realizando uma vigília na beira da rodovia estadual TO-080 em memória do massacre de Eldorado dos Carajás.
O movimento também acusa o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) de “ter relações estreitas com o agronegócio e de permitir a grilagem de terras no estado”. “A gestão do governador Wanderlei Barbosa tem sido marcada por violência e arbitrariedade contra os trabalhadores rurais”, afirma o MST. “As ações de ilegalidades cometidas pela Polícia Militar na retirada de famílias das ocupações de forma ilegal, sem nenhuma ordem judicial, demonstra a anuência e a validação do governo do estado com relação à grilagem de terra.”
Os episódios de violência, segundo o MST, incluem despejos ilegais, remoção forçada, ameaças, prisões ilegais, tortura, intimidação e pressão psicológica. “A atuação das forças de segurança no estado do Tocantins é marcada por uma política de repressão e violência contra os trabalhadores rurais”, afirma o MST.
“O MST pede que o governo federal e as instituições responsáveis pela proteção dos direitos humanos tomem medidas concretas para resolver essa situação e garantir a justiça social para os Trabalhadores Rurais Sem Terra do Estado do Tocantins”, afirma o movimento.
No Tocantins, o MST alega que os conflitos agrários ocorrem principalmente em terras públicas da União griladas e cita um exemplo: a Fazenda Santa Hilário em Araguatins, região do Bico do Papagaio. O local já foi alvo de uma denúncia de trabalho escravo por parte da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pertenceria ao fazendeiro paulista Lund Antônio Borges.
O Brasil de Fato aguarda o retorno do governador Wanderlei Barbosa e da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Tocantins. A reportagem também buscou contato com a defesa de Borges. O espaço está aberto para pronunciamentos.