“Em seu último apelo, o papa Francisco pediu o fim da guerra”, destaca o padre Gabriel Romanelli. O religioso comanda a Paróquia Sagrada Família, na cidade de Gaza, capital do enclave palestino que vem sendo palco de um genocídio desde outubro de 2023 conduzido por forças israelenses, que já tirou a vida de mais de 50 mil pessoas.
Em entrevista exclusiva à emissora multiestatal teleSUR, Romanelli expressou tristeza da comunidade cristã de Gaza após a morte de Francisco, falecido na última segunda-feira (21).
O padre e a sua igreja em Gaza ficaram mundialmente reconhecidos pelas ligações diárias que recebiam do papa. O pontífice era crítico dos ataques de Israel e telefonava todos os dias para o padre Romanelli para saber das condições dos fiéis na região majoritariamente de orientação muçulmana.
“Desde o início desses dias trágicos, em outubro de 2023, o papa Francisco nos ligou todos os dias, para mostrar sua proximidade e perguntar sobre a situação da comunidade cristã. Somos cerca de 500 pessoas aqui, a maioria da comunidade cristã – ortodoxos e católicos – está aqui”, explica o padre.
“[Nas ligações] o papa enviou suas bênçãos e pediu para que nós protegêssemos as pessoas pobres, as crianças e graças a Deus nós pudemos ajudar milhares de famílias não apenas da comunidade cristã, mas também da comunidade mulçumana que são nossos vizinhos”, afirmou.
Romanelli ainda lembra que a “última ligação do papa Francisco foi no último sábado, ele ligou mais cedo do que o normal, sabendo que estávamos de vigília”.
“O último apelo dele foi no domingo de Páscoa, quando pediu para que a guerra acabe e que as pessoas possam receber ajuda humanitária. Nós rezamos pela paz e a igreja estará, em qualquer tempo e circunstância, com as pessoas que sofrem.”
Um dia após a morte do pontífice, a revista Parliament publicou artigo póstumo de Francisco, no qual pede o fim do “ciclo de violência e retaliação” no Oriente Médio. Com o título de O derramamento de sangue na Palestina/Israel deve acabar, o papa pediu paz em toda a Terra Santa, local que testemunhou “guerras atrozes, resultando em um rio de sangue que não cessa”.