Templo coletivo da cultura popular, o Espaço Cultural Rumo do Vento, no bairro de Itapuã, em Salvador (BA), carrega uma tradição de encontros e resistência. Conectado com o território ancestral quilombola e indígena do Abaeté, o espaço, que existe há mais de 40 anos, promove mensalmente rodas de samba e reúne artistas que ecoam a história e identidade do povo baiano. Na Praça do Coreto, no Alto da Bela Vista de Itapuã, a tradição do samba também se tornou uma forma de cantar as necessidades da comunidade, buscando fortalecer as causas sociais e ambientais, sobretudo em defesa da preservação da Lagoa do Abaeté.

Música, sustentabilidade e luta se encontram neste local histórico que reúne amigos e artistas desde 1983, o que culminou, em 2020, no reconhecimento do Espaço Cultural Rumo do Vento como Ponto de Cultura pelo Governo do Estado da Bahia. Ao longo dessas quatro décadas, o local mantém viva a tradição do Samba da Resistência, evento mensal que reúne diferentes gerações de artistas em torno da cultura popular do samba.
“É um espaço de resistência do samba, trazendo a cultura, alegria e a música de boa qualidade para o povo se divertir”, celebra Seu Regi de Itapuã, coordenador do espaço.
Além da roda, neste ano o Rumo do Vento também é ponto de concentração para a Caminhada Patrimonial em Defesa do Abaeté — uma mobilização anual de conscientização e luta realizada no mês de junho pela preservação da lagoa.
Seu Regi de Itapuã

Com uma trajetória que se confunde com a própria história do bairro onde se localiza, o espaço cultural tem um grande gerente: Seu Regi de Itapuã. Sambista reconhecido como Mestre Griô, Seu Regi, de 82 anos, é um dos grandes nomes da cultura popular de Salvador.
Compositor desde os 13 anos, o artista traduz as experiências do dia a dia e sua relação com a comunidade de Itapuã em canções. Dono de uma vasta e plural obra — que inclui sambas, valsas, cirandas, baiões, xotes, xaxados, marchas e galopes — Regi tem músicas gravadas por nomes como Margareth Menezes, Tonho Matéria, As Ganhadeiras de Itapuã e Amadeu Alves.
Seu primeiro álbum de estúdio, “Minha Caminhada”, foi lançado em 2022, aos 78 anos. Já em 2023, o artista recebeu o Prêmio Nilda Spencer — Lei Paulo Gustavo pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA), em reconhecimento a sua trajetória cultural.
No dia 10 de maio, Seu Regi e o também compositor Pedrão Abib comandam a próxima edição do Samba de Resistência, que recebe como convidada a cantora Clecia Queiroz.
O projeto “Rumo do Vento de Itapuã – Território de Resistência e Preservação” foi contemplado pelo edital Territórios Criativos – Ano II, com recursos da Fundação Gregório de Mattos, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, da Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do Ministério da Cultura, Governo Federal.