Milhares de pessoas estão reunidas em Brasília, nesta terça-feira (29), para a Marcha da Classe Trabalhadora. Antes de marchar em direção ao Congresso Nacional, as trabalhadoras e os trabalhadores de diversas categorias participaram, durante a manhã, de uma plenária para atualização da pauta da classe, que tem entre as principais reivindicações o fim da escala 6×1 e a isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil. O documento será entregue aos presidentes dos três poderes à tarde.
“Nenhum direito que a classe trabalhadora tem caiu do céu ou foi presente de alguém. Foi conquistado com muita mobilização e luta. E nós estamos aqui hoje para lutar pela pauta da classe trabalhadora”, declarou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, que organizou a marcha junto a outras centrais sindicais.
Representando o governo federal, participaram da plenária da classe trabalhadora (29) os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo. Os trabalhadores serão recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um encontro à tarde, às 15h.
Macêdo celebrou a unidade política das centrais sindicais que se deslocaram de todas as regiões do país até Brasília e destacou a importância da mobilização no momento atual de disputa. “Precisamos ter unidade para enfrentar o fascismo e para derrotar a extrema direita”, afirmou.
“A marcha [da classe trabalhadora] coincide com um momento muito importante da conjuntura que estamos vivendo, em que há a necessidade de enfrentarmos a extrema direita e a pauta conservadora. O que está em debate hoje na sociedade é a disputa dos valores civilizatórios da humanidade, da igualdade, da liberdade, da fraternidade, da justiça social, do combate à fome, da igualdade de direitos, e da pauta da classe trabalhadora contra o fascismo, o ódio e a intolerância”, declarou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República.

O ministro do Trabalho igualmente elogiou a unidade política do ato e realçou a importância da mobilização sindical nos estados e municípios. “O desafio da classe trabalhadora e do movimento sindical é enorme. Os golpistas roubaram muito da classe trabalhadora, tiraram muito direitos, enfraqueceram os sindicatos, tiraram as ferramentas de organização do movimento sindical e nós vamos reconquistar. E para reconquistar é preciso de muita unidade, que seja representada em cada território. Chegou a hora do fim das disputas menores”, declarou Marinho.
Reivindicações
A pauta da classe trabalhadora, votada durante a plenária desta manhã, será entregue ao presidente Lula e aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Mota, do Senado, Davi Alcolumbre, do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Aloysio Corrêa da Veiga.
O documento apresenta as 26 reivindicações e proposições que são prioridades do movimento sindical em 2025. Quatro delas foram destaque nas falas da plenária desta manhã: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial; o fim da escala 6 x 1; a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos.
“Para nós mulheres, que temos toda a questão do cuidado, esse debate da redução da jornada de trabalho e do fim da escala 6×1 é fundamental”, destacou a secretária-geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Nilza Pereira. “Vai sobrar aquele tempo que precisamos para viver, para se cuidar e inclusive cuidar de outra pessoa”, completou.

A implementação da Política Nacional de Cuidados, que reconhece o cuidado como um trabalho e como um direito, também é uma das reivindicações da pauta da classe trabalhadora.
A deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) afirmou que a luta pelo fim da escala 6×1 é uma “luta abolicionista”. “Há pouco mais de 100 anos, a escravidão era um modelo formal de trabalho. Por isso, ainda hoje, as classes dominantes, a elite herdeira da Casa Grande, a burguesia desse país, acha natural e normal explorar a classe trabalhadora. E nós estamos aqui para dizer não. Chega! Vida além do trabalho e condições dignas, é o que nós queremos”, defendeu durante plenária.
A parlamentar também cobrou do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) a entrega do parecer sobre o projeto de lei que amplia a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, enviado pelo presidente Lula ao Congresso em março. Lira é relator do projeto.
“Nós queremos aprovar a isenção do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais, taxando os super ricos e milionários desse país. A conta é muito simples, para quem tem dúvida: vão ser 140 mil pessoas bilionárias pagando mais impostos para beneficiar 10 milhões de trabalhadores e trabalhadoras nesse país. Por isso, não temos dúvida, é isenção do imposto de renda já”, afirmou Dandara.
Outro ponto de destaque da pauta da classe trabalhadora é o cuidado com o meio ambiente. O documento exige a promoção de desenvolvimentos econômico e socioambiental sustentáveis, e o enfrentamento às mudanças climáticas e à emergência ambiental por meio de uma Política Nacional de Transição Justa.