Um clipe musical sobre o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), espécie típica do litoral do Paraná, foi lançado na última sexta-feira (25) como parte de uma iniciativa da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) para aproximar o público das histórias e da biodiversidade da Mata Atlântica. A produção, intitulada Moda do Papagaio-de-cara-roxa, une arte e educação ambiental para marcar a celebração do mês dos psitacídeos, grupo que inclui papagaios, periquitos e araras.
O clipe, dirigido pelo videodocumentarista Gabriel Marchi, reúne imagens da região do Lagamar, lar do papagaio-de-cara-roxa, e valoriza as singularidades da Mata Atlântica — um dos biomas mais ameaçados do país. A produção teve participação de moradores locais e de profissionais ligados ao projeto de conservação da espécie, iniciado no final da década de 1990.
“Queremos que, ao assistir ao clipe, as pessoas se conectem com a natureza e entendam que cada atitude conta na luta contra a extinção”, afirma Marchi. “Essa iniciativa é um convite para que todos se unam em prol da conservação da fauna, da flora e das nossas raízes naturais.”

A música foi composta por Rafael Sezerban, que também coordenou a produção. Ele conta que a ideia nasceu do desejo de aproximar o público das histórias da Mata Atlântica de forma acessível e lúdica. “A criação da música e do clipe aconteceu a partir da vontade de dar voz à natureza. Ao percebermos a possibilidade de integrar essa linguagem artística com os vídeos do projeto, vimos uma oportunidade única de engajar a comunidade e disseminar informações sobre o papagaio-de-cara-roxa de forma lúdica e acessível”, diz.
A gravação envolveu moradores da região, reforçando a dimensão coletiva do projeto. “Incorporamos também a participação da comunidade, reforçando a ideia de que todos fazemos parte deste grande bando em prol da conservação”, explica Sezerban.

Endêmica dos litorais de São Paulo e do Paraná, a espécie já figurou na lista de animais ameaçados de extinção e atualmente está classificada como “quase ameaçada”, segundo o Ministério do Meio Ambiente. O último censo indica cerca de 9 mil indivíduos vivendo na natureza, distribuídos em dormitórios coletivos no litoral do Paraná.
Conhecido por sua plumagem verde com tons roxos no rosto e pescoço, o papagaio-de-cara-roxa depende de árvores antigas, como os guanandis, para nidificar. Com a escassez dessas árvores, agravada pela exploração ilegal da floresta e por eventos climáticos extremos, a instalação de ninhos artificiais se tornou uma alternativa viável. Desde 2003, unidades de madeira e PVC são utilizadas em sítios prioritários. A aceitação foi positiva. Hoje, a maioria desses ninhos é ocupada anualmente pelas aves.
A música descreve, de maneira didática, o comportamento, a dieta e os cuidados parentais da espécie. Para Elenise Sipinski, especialista em fauna e coordenadora do projeto de conservação, a obra também cumpre papel educativo. “Esta música e clipe representam muito mais do que uma produção audiovisual: são ferramentas de educação para a conservação, que sensibilizam, informam e engajam o público sobre a importância de preservar não só os papagaios-de-cara-roxa, mas também seu habitat natural – a exuberante Mata Atlântica”, afirma.
Ela também destaca que a canção traduz os desafios enfrentados pelas aves. “Quando ouvi a música, visualizei um clipe que tornasse o conhecimento sobre o papagaio ainda mais acessível, enfatizando seu esforço para sobreviver e se reproduzir mesmo diante das ameaças diárias, como o roubo de filhotes ou a predação na natureza.”

A ação integra as celebrações da Semana dos Psitacídeos, realizada anualmente na terceira semana de abril por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente. A data busca chamar atenção para a conservação de papagaios, periquitos e araras no país. O Dia Nacional dos Psitacídeos é comemorado em 31 de maio.
A partir de agora, a música também está disponível nas plataformas digitais. Com isso, os idealizadores esperam ampliar o alcance da mensagem e envolver um público ainda maior na defesa da biodiversidade brasileira.