O 1°de maio deste ano, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, será marcado por uma greve inédita em Porto Alegre. Trabalhadores do Grupo Zaffari aprovaram a convocação de uma paralisação na luta por direitos.
A convocação foi feita pela União dos Trabalhadores do Zaffari que afirma já ter o apoio de mais de 350 funcionários. Entre as reivindicações estão a redução da escala de trabalho, o aumento do salário e o fim das horas extras obrigatórias (dias de dobra), entre outros.

Sem apoio do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre (Sindec-POA), a greve dos funcionários tem um caráter não convencional, mas a União garante que está tomando medidas para garantir a legalidade do movimento. Por meio das redes sociais, faz um trabalho de esclarecimento de dúvidas e convencimento dos trabalhadores, cuja base é de cerca de 8 mil pessoas em Porto Alegre, divididos em aproximadamente 30 lojas espalhadas por toda a cidade.
“O que motivou a mobilização foi o nosso pouco tempo de descanso, e nossa miséria de salário mínimo. A gente não vê compatibilidade de horas trabalhadas com nosso salário. Quase todos os dias nós fazemos horas extras que não são pagas”, relata o funcionário do Zaffari Gesiel Bernardes.
Segundo ele, a expectativa é que a mobilização resulte em melhorias, trazendo qualidade de vida aos funcionários. A categoria propõe, por exemplo, a escola 5×2, com pelo menos um final de semana livre por mês.
“Fazemos isso justamente para ajudar o pessoal a ter um descanso digno. Se aprovada a escala que estamos correndo atrás, será mais tranquilo para o funcionário, podendo ficar mais tempo em casa, descansando, ao lado de amigos, familiares, etc. No momento nós encontramos com trabalhadores exaustos, nem os que integram o programa jovem aprendiz escapam desse absurdo, sem ter tempo sequer para estudar um pouco”, expõe Bernardes.
Trabalho exaustivo
A denúncia sobre as condições de trabalho dos funcionários do grupo Zaffari foram reveladas pelo Brasil de Fato RS, em parceria com o Jornal O Futuro, em dezembro de 2024. Dias após a reportagem o Sindec anunciou que não renovaria autorizações de escala 10×1 – 10 dias trabalhados e um de folga – em acordos coletivos com varejistas, incluindo de supermercados a farmácias, passando por lojas convencionais.
Na ocasião o Grupo Zaffari, que anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhões em 2025, limitou-se a dizer que a escala 10×1 tem anuência do Ministério do Trabalho e da convenção do sindicato. A rede de supermercados, em 2023, teve um faturamento de R$ 7,6 bilhões e lucrou R$ 640 milhões. O seu custo com mão de obra foi de R$ 36 milhões.
Reivindicações dos trabalhadores:
- Aumento de 100% no salário;
- Escala 5×2, com pelo menos um final de semana livre por mês;
- Limite de 40 horas semanais;
- Fim das horas extras obrigatórias (dias de dobra);
- Fim do controle e restrição do uso do banheiro;
- Fim dos desvios de função cotidianos;
- Fim dos descontos injustos e da manipulação do banco de horas.
