Na madrugada desta sexta-feira (2), um barco da coalizão internacional Flotilha da Liberdade, que integrava uma missão para levar ajuda humanitária a Gaza, foi atacado por drones armados enquanto navegava em águas internacionais próximas à costa de Malta, segundo denúncia de ativistas. Não há feridos, mas a embarcação ficou comprometida.
Segundo nota da organização, o ataque ocorreu por volta de 00h23, no horário local, e atingiu a parte dianteira do barco, provocando incêndio e vazamento no casco. A ação danificou o gerador da embarcação, deixando os tripulantes sem energia e em risco de naufrágio. Ainda havia drones circulando a área durante último contato estabelecido com a tripulação.
O grupo informa que voluntários e figuras públicas de 21 países, entre eles o Brasil, estavam a bordo e que o barco operava sem armamentos. A missão havia sido mantida sob sigilo para evitar sabotagens. Um sinal de socorro foi emitido logo após o ataque e uma embarcação partiu do sul do Chipre para prestar socorro, mas não dispõe do suporte técnico necessário.
Conforme informações da agência de notícias AFP, o governo de Malta informou que um rebocador próximo respondeu a um pedido de socorro do Conscience e constatou que o grupo estava em segurança e que não houve feridos.
Acusação contra Israel
A Flotilha da Liberdade acusa Israel pelo ataque e aponta que, desde março, o país vem bloqueando completamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza, contribuindo para a fome e a sede de mais de 2 milhões de pessoas. “Nem um caminhão teve a entrada permitida nos últimos dois meses”, afirma o comunicado. Até o momento, não houve qualquer manifestação do governo israelense.
“Convocamos a comunidade internacional a condenar esse ataque e exigir uma resposta das autoridades maltesas. Também pedimos o rompimento de apoio político, financeiro e militar ao bloqueio, ocupação e apartheid impostos por Israel à Palestina”, diz a nota da Flotilha da Liberdade.
A coalizão também solicita que a sociedade civil pressione embaixadas e alto-comissariados de Malta ao redor do mundo para garantir a integridade física dos voluntários a bordo. Para a organização, o episódio representa mais uma grave violação das leis internacionais por parte do governo israelense.
O Brasil de Fato enviou pedido de posicionamento ao Itamaraty e aguarda retorno para atualização do texto.
Operações humanitárias ‘à beira do colapso’
A Cruz Vermelha informou nesta sexta-feira que as operações humanitárias na Faixa de Gaza estão “à beira do colapso total”, após dois meses de bloqueio israelense a toda ajuda ao território palestino.
Segundo a organização, se não houver uma retomada imediata de ajuda, “o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) não terá acesso a alimentos, medicamentos e suprimentos vitais necessários para manter muitos de seus programas em Gaza”, disse a organização em comunicado.
“Para os civis em Gaza, cada dia é uma luta difícil para sobreviver aos perigos das hostilidades, enfrentar deslocamentos incessantes e suportar as consequências de serem privados de assistência humanitária urgente”, disse o vice-diretor de operações do CICV, Pascal Hundt, na declaração desta sexta-feira.