O guitarrista do Radiohead, Jonny Greenwood, e o músico israelense Dudu Tassa anunciaram nesta terça-feira (6) o cancelamento de dois shows no Reino Unido devido a “ameaças críveis” após uma convocação de boicote feita por um grupo pró-palestino. A entidade Campanha Palestina para o Boicote Acadêmico e Cultural de Israel (PACBI, na sigla em inglês) integra o movimento Boicote, Desenvestimento e Sanções (BDS) que pressiona pelo fim da opressão israelense contra a população palestina.
O PACBI comemorou os cancelamentos dos shows em Londres e Bristol.
“Reiteramos nosso apelo para que todas as casas [de apresentações] se recusem a agendar” estes concertos, escreveu o grupo no X. O PACBI acusa Greenwood e Tassa de serem “cúmplices do genocídio em Gaza“. O BDS reprova Greenwood por ter se apresentado em Tel Aviv em maio de 2024, além de ter considerado o Radiohead como “talvez a banda mais conhecida que já desafiou os apelos” para boicotar Israel.
Em outubro, o vocalista do Radiohead, Thom Yorke, foi repreendido por um espectador pró-palestino durante um show em Melbourne, na Austrália. “Quantas crianças mortas serão necessárias para que você condene o genocídio em Gaza?”, questionou um membro da plateia enquanto o cantor fazia uma apresentação solo.
Yorke respondeu acusando-o de estragar o show e o desafiou a subir no palco. “Não fique aí parado como um covarde, venha aqui e diga isso na minha cara”, disse o cantor. Em 2017, a banda britânica denunciou uma campanha que pedia o cancelamento de um show em Israel, classificando os pedidos de boicote como um “extraordinário desperdício de energia”.
Jonny Greenwood, Dudu Tassa e os músicos do grupo denunciaram a “censura”, acrescentando que “intimidar casas de shows não ajudará a alcançar a paz e a justiça que todos merecem no Oriente Médio“.
O BDS tem como inspiração a luta contra o regime racista do apartheid na África do Sul, extinto nos anos 1990. Na prática, o movimento sugere o boicote a produtos feitos em Israel e a instituições culturais e acadêmicas. O objetivo final é garantir igualdade jurídica entre palestinos e israelenses, o fim da ocupação de Israel e o direito de retorno dos refugiados palestinos.
*Com AFP