Na manhã desta quarta-feira (8), jovens do Movimento Uneafro Brasil ocuparam a entrada principal do Ministério da Educação (MEC), em Brasília (DF), para cobrar mudanças no edital da Rede Nacional dos Cursinhos Populares (CPOP), programa federal de apoio a cursinhos comunitários e populares. Com cartazes, faixas e palavras de ordem, os manifestantes entregaram ao ministério um documento com demandas por mais equidade racial e territorial na condução da política pública.
Segundo a Uneafro, a União de núcleos de educação popular pré-vestibulares e Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, para a juventude negra, indígena e periférica, o edital atual ignora a trajetória histórica dos cursinhos populares como instrumento de enfrentamento das desigualdades educacionais.
“Fomos uma das organizações que, ainda em 2023, entregou ao MEC um documento pedindo uma política dedicada à experiência histórica dos cursinhos populares”, afirma a Uneafro. Segundo o movimento, o atual desenho do CPOP precisa de ajustes para refletir essa trajetória e atender às realidades da juventude negra e periférica.
O CPOP é considerado por educadores e movimentos populares como uma oportunidade estratégica para fortalecer a transição entre o ensino médio e o ensino superior. No entanto, a Uneafro denuncia que os critérios de seleção priorizam uma lógica meritocrática, em detrimento da realidade de estudantes negros, indígenas, quilombolas e moradores das periferias.
“O tal do CPOP precisa de mais cara da periferia e menos meritocracia”, resume o movimento, em nota entitulada “Por um CPOP inclusivo e justo”. Nos cartazes, havia mensagens como: “Por um edital que contemple de fato os cursinhos populares” e “Bolsa do CPOP para negros indígenas, quilombolas e PCDs”.




Entre os principais pedidos apresentados em carta direcionada ao ministro Camilo Santana, estão:
- Suspensão imediata do edital e retificação dos critérios: A Uneafro pede que o prazo atual seja revisto para incorporar propostas de outras redes de cursinhos populares.
- Prorrogação efetiva do prazo de inscrições por 30 dias: Embora o Portal Prosas tenha informado prorrogação até 14 de maio, o movimento critica a ausência de divulgação oficial e a dificuldade de reunir toda a documentação exigida.
- Criação de um fórum nacional de diálogo: A proposta inclui a participação direta das redes de cursinhos populares e autônomos na construção e acompanhamento da política.
Para a Uneafro, a iniciativa do MEC precisa romper com a lógica que ainda impera na educação pública. Eles ressaltam que a atuação dos cursinhos populares vai muito além da preparação para o vestibular: trata-se de uma ação política e pedagógica de combate ao racismo estrutural e às desigualdades de classe.
“Sendo o que nos cabia, enfatizamos nosso apoio e reivindicação histórica por esta política pública, para que a mesma exista no formato mais adequado e alinhado com os cursinhos populares de todo país”, afirma o movimento. Assinaram o documento 143 instituições ligadas ao movimento negro, indígena, quilombola e das periferias.