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Início Entrevista

DIA DAS MÃES

‘Maternar é escolha, mas exige renúncias em uma sociedade que não ampara’, afirma vereadora

“Precisamos socializar o cuidado e tirar o peso só das mulheres”, diz Adriana Souza (PT) ao podcast Visões Populares

09.maio.2025 às 19h50
Belo Horizonte (MG)
Flora Villela
‘Maternar é escolha, mas exige renúncias em uma sociedade que não ampara’, afirma vereadora

“A maternidade é uma escolha, mas ela nos impõe muitas renúncias.” - - Reprodução: redes sociais

Em uma sociedade que ainda naturaliza o acúmulo de responsabilidades sobre as mulheres, especialmente as mães, falar sobre cuidado é também falar sobre política. No episódio especial desta semana do podcast do Brasil de Fato MG Visões Populares, em homenagem ao Dia das Mães, mergulhamos nas histórias e nas vozes que enfrentam diariamente a chamada “jornada múltipla” — que, como lembra nossa entrevistada, não se divide em partes, mas se entrelaça em uma única e intensa rotina de resistência.

Conversamos com Adriana Souza (PT), professora de história, mãe, militante, e a vereadora mais votada da história de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). 

Com uma trajetória marcada pelo engajamento em movimentos sociais, sindicais e ambientais, Souza fala sobre os desafios de conciliar a maternidade com a vida política, a importância da valorização do trabalho de cuidado e as bandeiras que carrega em sua atuação parlamentar.

Acompanhe, no podcast, essa conversa que atravessa temas como periferia, educação, meio ambiente, saúde pública e, acima de tudo, o protagonismo das mulheres na transformação da sociedade.

Confira trechos da entrevista abaixo:

Ouça a conversa completa no podcast.

Brasil de Fato MG – Neste domingo (11), é comemorado o Dia das Mães. No Brasil, a data é muito celebrada, mas também é muito ligada ao imaginário popular do consumo com a venda de presentes. Como você interpreta essa data? Qual a importância de prestar homenagem às mães e ter um dia dedicado a elas?

Adriana Souza – Embora seja uma data marcada pela comercialização do seu sentido, a gente não pode deixar de reconhecer a importância dela para a celebração de uma das figuras mais importantes da nossa sociedade, que são as mães. Já que somos nós, mulheres mães, as principais responsáveis pela criação e o cuidado das crianças, desde a mais tenra idade até a vida adulta.

E na maior parte das vezes, esse cuidado fica só sobre os nossos ombros, porque a gente fica desamparada, muitas vezes pelo companheiro, mas também pelo Estado, que não apresenta políticas públicas, nenhum tipo de amparo para essa atividade da criação das crianças na nossa sociedade. Portanto, ter a data é importante, mas a gente precisa ir além do comercial. Precisamos fazer dessa data um momento de reflexão sobre uma sociedade que hoje penaliza as mães por serem mães. Isso pode ser visto nos dados socioeconômicos.

Tem uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que aponta que 48% das mulheres que tiram licença maternidade são demitidas até dois anos após o seu retorno ao trabalho. Uma prova de que a sociedade espera que a gente seja mãe como se não trabalhássemos e que a gente trabalhe como se não fôssemos mães. A conta não fecha, porque a gente não tem sequer creche ou escola infantil ou algum tipo de política pública que acolha as nossas crianças em tempo integral para que a gente possa trabalhar em segurança.

Simplesmente não temos políticas públicas que deem sustentação para o exercício da maternidade. O que faz com que seja cada vez mais crescente o número de mulheres que negam a vontade de ser mães. O dia das mães precisa ir além dessa celebração individual da família e ser um momento onde a gente possa debater sobre a melhoria das condições do exercício da maternidade, o reconhecimento de uma função e de um trabalho que é fundamental para reprodução e para a continuidade da vida em nossa sociedade.

E é por isso que eu, desde a minha campanha para vereadora, trouxe o lema do maternar a política para socializar o cuidado, pensando na ocupação dos espaços de poder pelas mães para que a gente possa, na verdade, fazer a cobrança e instituir políticas públicas que acolham a maternidade e garantam o cuidado com as nossas crianças, com as pessoas com deficiência, com os idosos que acabam ficando sob nossa responsabilidade.

Embora muito romantizada, a maternidade perpassa imensos desafios que são emocionais, profissionais e sociais. Na sua visão, quais são os principais desafios enfrentados por mulheres ao se tornarem mães? E como foi e ainda é a sua experiência com a maternidade? 

Acho que os desafios são imensos. Então, se for pensar do ponto de vista econômico social, a gente tem o desafio do mercado de trabalho que penaliza e expulsa as mães.  No mercado de trabalho, ele incentiva que as mulheres sejam mães. Chega o período do dia das mães, tem esse incentivo, mas na prática as mães são demitidas por serem mães.

Além de emprego, é muito comum que uma mulher ela seja perguntada se ela tem filhos e isso seja um critério de eliminação daquela mulher para uma vaga de trabalho. Justamente porque a empresa pensa que aquela mulher pode se ausentar para poder levar um filho ao médico, que é, de fato, uma realidade. Mas que o mercado de trabalho deveria garantir as condições de que uma mulher mãe possa trabalhar e possa também ter o exercício da maternidade. Além disso, faltam políticas públicas.

A gente tem uma luta pró creche que vem desde a década de 1960 e até hoje nós não temos creches nem escolas de educação infantil que atendam adequadamente à demanda das crianças, especialmente em tempo integral. Então, essa é uma ausência de uma política pública que também penaliza as mães, porque se elas não têm com quem deixar os seus filhos em segurança, como é que ela pode trabalhar?

Aquele velho ditado: ‘Quem pariu Mateus que balance’, ele é de fato muito presente na vida das mães, porque toda vez que uma mãe precisa de ajuda, geralmente ela tem muita dificuldade de encontrar. 

Por isso que a gente tem também que separar as mães entre mães com rede de apoio e relacionamentos estáveis, mães solos com ou sem rede de apoio e mães atípicas com ou sem rede de apoio. Porque isso vai dizer também do maior nível de dificuldade com relação ao exercício da maternidade. As mães solos são hoje, no nosso país, 49,1% das unidades domésticas do Brasil, de acordo com o censo de 2022.

Minha mãe era sempre chamada de guerreira, minha avó também, mas muitas vezes esse nome do guerreiro, ele esconde diversas violações de direitos, violências e uma série de dificuldades e desafios que essas mulheres enfrentam e  enfrentaram para garantir a sobrevivência dos filhos e poderem trabalhar e criar crianças em segurança. E as mães atípicas da mesma forma.

Inclusive tem um levantamento do Instituto Manodown que fala que 70% dos pais abandonam os filhos com deficiência intelectual antes que a criança complete 5 anos. Então a mãe atípica ela quase que naturalmente se torna também uma mãe solo e ela também enfrenta uma ausência de políticas públicas que garantam os direitos das crianças atípicas e enfrentam o maior nível de desafio também, porque essa criança demanda mais tempo e cuidado do que uma criança sem nenhum tipo de de alteração intelectual.

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Então, essas mães, elas enfrentam desafios ainda maiores. E para finalizar, eu acho que tem uma perspectiva da falta e da falha que perpassa toda a atuação da maternidade, que é algo que gera um desgaste emocional gigantesco para as mães. Porque as mães, elas fazem tudo todos os dias desde a higiene das crianças, o cuidado, a alimentação, o levar para a escola, mas essa mãe só é lembrada quando ela falha ou quando ela falta.

Do ponto de vista da minha relação com a maternidade, eu tenho três filhos e eu costumo dizer que eles foram as melhores escolhas que eu fiz na vida e sem dúvida eu escolheria cada um deles novamente, mas isso não impediu que eu enfrentasse desafios imensos.

Então, eu tive que parar de estudar. Eu atrasei a minha formação acadêmica. Eu carreguei durante muito tempo uma culpa pela ausência em função do meu trabalho. Eu era vendedora de shopping, então eu trabalhei na jornada da escala 6×1 por mais de 5 anos. O meu primeiro filho mais velho eu tive no período em que eu estudava, trabalhava no shopping e eu tinha poucos momentos de qualidade com ele e eu me culpei durante muito tempo com relação a isso.

E além disso, eu também atrasei a minha vida política porque eu deixei de ser candidata em 2020 por priorizar a minha filha caçula, estava em período de pandemia e eu estava amamentando.

Eu era professora da rede pública, então a maternidade, ela é uma escolha, mas ela nos impõe muitas renúncias, justamente porque a gente não tem uma sociedade que ampara a maternidade. 

Cada vez mais tem tomado espaço, tanto nos movimentos feministas, quanto em outras organizações do campo popular, um debate acerca das duplas e, às vezes, triplas jornadas de trabalho que são exercidas, na sua esmagadora maioria, por mulheres. Na sua visão, quais políticas públicas ou propostas contribuem para melhorar a distribuição dos trabalhos que são ditos domésticos ou a sua remuneração no nosso país?

Quando a gente fala de dupla jornada, parece que são duas jornadas separadas ou triplas jornadas, como se fosse cada um em um horário do dia. E na verdade, a jornada da mãe, na política, no trabalho, na militância, ela é uma jornada intricada, ela é indissociável.

Enquanto eu estou, por exemplo, no plenário da Câmara, eu recebo ligações dos meus filhos para poder resolver a van que vai para escola, um material que tem que ser impresso, para pedir alguma coisa, autorizar alguma situação.

Então, a gente não deixa de ser mãe em nenhum momento, diferente dos pais que geralmente não são acionados quando estão no seu ambiente de trabalho, quando estão no seu ambiente de lazer, ou seja, quando estão fora do lar. Nós, mães, somos acionadas o tempo inteiro, seja pelas nossas crianças, seja pelas pessoas que estão cuidando das nossas crianças enquanto nós estamos ausentes, ou seja pela escola ou pelo equipamento público que está com as nossas crianças. Então, a nossa jornada, ela é embolada, não dá para para dissociar.

Isso causa ainda mais exaustão e um desgaste emocional e mental para as mães. Então, esse debate, ele precisa avançar, inclusive, porque nós precisamos reconhecer o trabalho do cuidado como trabalho para que ele gere remuneração e direitos sociais.

O presidente Lula aprovou a política nacional de cuidados que é um grande avanço porque é uma política que embora ela não seja uma política garantidora de direitos previdenciários ou outros direitos, ela é uma política orientadora e que reconhece a responsabilidade do Estado na garantia do cuidado, retirando esse cuidado somente do ambiente privado e familiar.

Editado por: Elis Almeida
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