O cantor e compositor Arnaldo Antunes se apresentou na noite deste domingo (11), durante o festival “Terra, arte e pão”, no encerramento da 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária. O evento começou na quinta-feira (8) e movimentou 300 mil pessoas.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Arnaldo criticou a lentidão histórica do Estado brasileiro em avançar com a pauta da reforma agrária. Para ele, mesmo em períodos de governos progressistas, as mudanças têm sido tímidas.
“A reforma agrária é importantíssima. É algo que avança a passos muito lentos, mesmo nos governos progressistas. É um atraso histórico”, avaliou.
Arnaldo elogiou o trabalho do MST, destacando a legitimidade das ocupações organizadas pelo movimento. “O MST é um movimento que foi muito criminalizado desde o início, porque faz uma luta de ocupação, uma luta radical. Mas é uma luta legítima do povo. E quando a gente apoia, ajuda as pessoas a verem com outros olhos, sem preconceito”, afirmou.
O músico também ressaltou a importância de fortalecer o vínculo entre cultura e luta social, e disse que sua admiração pelo MST vem de longa data. “Esse vínculo com a cultura eu acho essencial, pra que a gente vá fortalecendo os laços com o que a gente preza: uma maior igualdade social, menos agrotóxicos na comida, a divisão de terras para quem precisa.”
No repertório da noite, Arnaldo incluiu “Comida”, canção de sua autoria, lançada enquanto fazia parte dos Titãs. A escolha, segundo ele, dialoga diretamente com o espírito do evento: “É uma celebração das ideias que a gente compartilha: comida, diversão e arte.”
Para o artista, cultura e política estão indissociáveis — especialmente em um contexto de avanço da extrema direita. “A cultura está sempre tão desprestigiada, ainda mais num momento de crescimento de uma direita radical. É por isso que estar aqui, num festival como esse, é essencial”, afirmou.
“Tudo é política. A música convive com seu tempo. Então é inevitável que o contexto político apareça na expressão artística.”