“Para apoiar o desenvolvimento dos países da América Latina e do Caribe, a China fornecerá uma linha de crédito de RMB 66 bilhões [R$52 bilhões] aos países latino-americanos”, disse o presidente chinês Xi Jinping durante seu discurso de abertura do IV Fórum Ministerial China-Celac, que celebra os dez anos do mecanismo de parceria entre os países. O evento contou com a presença do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O líder chinês também anunciou a implementação de uma política de isenção de visto para cinco países da América Latina e do Caribe, que poderá se expandir. Os nomes dos países, porém, ainda não foram divulgados.
Ambos os anúncios foram feitos como parte dos cinco grandes projetos que a China está propondo à região. A primeira das iniciativas tem a ver com “unidade”, segundo o presidente chinês. “Os dois lados devem fortalecer os intercâmbios em vários campos e melhorar a comunicação e a coordenação em grandes questões internacionais e regionais”, disse.
O mandatário chinês iniciou seu discurso destacando o” apoio firme” da China “na busca por um caminho de desenvolvimento adequado às suas condições nacionais e apoia a América Latina na proteção de sua soberania e independência nacionais e na oposição à interferência externa”.
Ele lembrou as grandes manifestações na China na década de 1960 em apoio ao povo panamenho em luta pela recuperação da soberania sobre o Canal do Panamá. O discurso também mencionou que, desde 1992, a China já votou na Assembleia Geral das Nações Unidas 32 vezes consecutivas para acabar com o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba.
Projetos até 2028
Segundo o presidente chinês, nos próximos três anos, tempo até a próxima reunião ministerial, o país convidará 300 quadros de partidos políticos dos Estados-membros da Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos] para visitar a China todos os anos. O objetivo é trocar experiências em governança estatal.
Utilizando o gancho da linha de crédito, que foi anunciada como parte da iniciativa de impulsionar projetos de desenvolvimento, Xi Jinping afirmou que a China vai importar mais produtos de alta qualidade da América Latina e incentivará as empresas chinesas a expandir seus investimentos na América Latina.
O presidente chinês disse ainda que as duas partes devem fortalecer o “alinhamento das estratégias de desenvolvimento, aprofundar a construção conjunta de alta qualidade da iniciativa do Cinturão e Rota, aprofundar a cooperação em áreas tradicionais como infraestrutura, agricultura e alimentos, energia e minerais, expandir a cooperação em áreas emergentes como energia limpa, comunicações 5G, economia digital, inteligência artificial e implementar o Programa de Parceria Científica e Tecnológica China-América Latina”.
Outro dos projetos anunciados é a realização conjunta de pesquisas sobre civilizações antigas e o combate ao tráfico ilegal de bens culturais, para fortalecer trocas e cooperação nas áreas do patrimônio cultural. Também será realizado um “Festival de Arte Latino-Americana”.
O quarto projeto anunciado deve promover maior cooperação em “gestão de desastres, segurança cibernética, combate ao terrorismo, anticorrupção, controle de drogas e combate ao crime organizado transnacional”, entre outros. Como medida concreta, Xi anunciou que o país asiático vai implementar programas de treinamento policial “de acordo com as necessidades dos Estados-membros da Celac, e fornecerá assistência em equipamentos dentro de sua capacidade”.
O quinto e último projeto anunciado no fórum são medidas variadas voltadas à educação. Até 2028, a China deve fornecer 3.500 bolsas de estudo governamentais; 10 mil oportunidades de treinamento no país; 500 bolsas de estudo para professores chineses internacionais; 300 oportunidades de treinamento para talentos técnicos em redução da pobreza e mil vagas no projeto “Ponte Chinesa”, um programa de aprendizado da língua e cultura chinesa para estudantes de outros países, para os estados-membros da Celac.