A aguarda retomada das negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, que não acontecem desde março de 2022, planejada para começar nesta quinta-feira (15), em Istambul, acabou sendo adiada para amanhã. Após muito suspense e incertezas sobre o horário e a composição das delegações russa e ucraniana, foi relatado que as negociações terão início em 16 de maio.
Ao mesmo tempo, o dia não deixou de ser agitado, com reuniões paralelas e acusações de ambos os lados sobre o impasse das negociações.
À espera do presidente russo, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou à capital turca, Ancara, e criticou o nível do escalão dos negociadores enviados por Moscou, classificando a delegação como “farsa”. “Se Putin não veio, então não tenho nada para fazer em Istambul”, disse Zelensky após se reunir com o presidente turco, Recepp Tayyip Erdogan.
Ao comentar a exigência de Zelensky da presença de Putin nas conversações, o ministro das Relações Exteriores da Rússia disse que o líder ucraniano é uma “pessoa lamentável”. “Depois, seus superiores lhe explicaram que ele não deveria se comportar de forma tão estúpida e que negociações são necessárias”, alfinetou Lavrov.
Do lado russo, apenas na última quarta-feira (14) ficou definido quem iria representar o país nas conversações, e que o presidente Vladimir Putin não viria à Turquia. A Rússia enviou uma delegação que está sendo liderada pelo assessor e ex-ministro da Cultura, Vladimir Medinsky. O vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Galuzin, o chefe da Diretoria Principal do Estado-Maior do Exército, Igor Kostyukov, e o vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, completam o principal grupo de negociadores.
Zelensky delegou ao ministro da Defesa, Rustem Umerov, a liderança da delegação ucraniana. Também compõem a comitiva o primeiro vice-ministro das Relações Exteriores e ex-embaixador da Ucrânia na ONU, Serhiy Kyslytsya, o vice-chefe da Diretoria Principal de Inteligência, Vadym Skibitsky, e um grande grupo de outros oficiais militares de alta patente.
Rússia e Ucrânia têm objetivos diferentes na mesa
O impasse em torno das negociações não diz respeito somente à logística das aguardas reuniões, mas também está no próprio conteúdo dos objetivos que Moscou e Kiev querem discutir.
Durante a semana, a controvérsia sobre a reunião russo-ucraniana em Istambul girou em torno da exigência de Kiev e seus parceiros ocidentais de estabelecer um cessar-fogo incondicional de 30 dias como condição para o início das negociações. Moscou, por sua vez, insistiu em realizar conversações “sem condições pré-determinadas”.
Nesta quinta-feira (15), a julgar pelas declarações, tanto do Zelensky, como do líder da delegação russa, Vladimir Medinsky, este impasse se mantém. Por um lado, o presidente ucraniano insistiu em colocar a ideia de um cessar-fogo em primeiro plano. De acordo com ele, discutir os detalhes de um acordo de paz sem um cessar-fogo preliminar poderia prolongar o conflito por anos.
Já o chefe da delegação russa nas negociações com a Ucrânia, Vladimir Medinsky, afirmou que a tarefa da Rússia nas negociações diretas com a Ucrânia em Istambul é alcançar, mais cedo ou mais tarde, “a paz de longo prazo, eliminando as causas básicas do conflito”. Em declaração à imprensa, Medinsky observou que a delegação russa vê as negociações como “uma continuação do processo de paz interrompido em [março de] 2022 e, infelizmente, foi interrompido pelo lado ucraniano há três anos”.
Já o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que também está na Turquia para acompanhar o processo, disse que não tem grandes esperanças nas negociações entre a Ucrânia e a Rússia. “Não haverá avanço até que o presidente Trump se encontre com Vladimir Putin”, afirmou.