Nesta semana, Lula foi à China, em sua quarta vez como chefe de Estado e segunda desde que voltou à Presidência, em 2023. Afinal, o país asiático é o maior parceiro comercial brasileiro desde 2009, e em um momento de tarifas aplicadas pelo governo Trump, dos Estados Unidos, a relação pode se intensificar.
Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, tinham a perspectiva de assinar 16 protocolos e anúncios durante a viagem. Mas aconteceu muito mais. A ApexBrasil anunciou R$ 27 bilhões em investimentos de empresas chinesas em território brasileiro, destinados para os setores de delivery, fast food e energias renováveis.
“Se depender do meu governo e se depender da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis, a nossa relação será indestrutível. A China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China, e nós dois juntos podemos fazer com que o Sul Global seja respeitado no mundo, como nunca foi”, disse Lula no encerramento do Seminário Empresarial China-Brasil na segunda-feira (12), em Pequim, capital chinesa.
A saúde também ganhou destaque no encontro. A primeira vacina contra a dengue totalmente brasileira está sendo desenvolvida numa parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa WuXi Biologics, como parte do Programa de Desenvolvimento Local e Inovação (PDIL) do Ministério da Saúde. A produção no Brasil de insulina glargina e “a instalação de ‘hospitais inteligentes’ em diversas regiões do Brasil” também estão nos planos.
Foram assinados 20 atos de cooperação em áreas como agricultura, ciência e tecnologia e finanças. Esforços para a desdolarização também estiveram na pauta, e um acordo de swap cambial foi assinado para viabilizar a troca de moedas por um período determinado para facilitar o comércio direto sem a necessidade de usar o dólar.
O Memorando de Entendimento (2025–2030) sobre Cooperação em Agricultura Familiar Moderna e Mecanização Agrícola, que prevê esforços conjuntos para o uso de maquinário no campo brasileiro, também foi assinado.
Inclusive, assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já estão utilizando as máquinas agrícolas chinesas em suas plantações e o resultado você pode conferir no mais recente documentário lançado pelo Brasil de Fato, o Máquinas Chinesas, Terras Camponesas: tecnologia para alimentar o Brasil, disponível no YouTube.
Durante a visita, Lula destacou que não adianta assinar diversos acordos se as burocracias vão dar morosidade à real efetivação dos planos. Assim, pediu que Xi Jinping designasse alguém de sua confiança para ficar em contato com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que será cobrado para fazer as coisas acontecerem.
Como visto acima, notícias não faltaram. E você pôde conferir todas no Brasil de Fato ao longo da semana, pois fizemos uma cobertura próxima das discussões dessa importante parceria, que pode ter consequências interessantes para o Brasil nos próximos anos.
Por outro lado, o principal foco na mídia tradicional foi o suposto constrangimento criado por Janja ao falar que o algoritmo do TikTok favorece a extrema direita no Brasil durante um encontro de Lula com Xi Jinping.
A informação teria sido vazada por algum integrante da comitiva brasileira, o que acarretou uma reação crítica do presidente Lula, e a Folha de S.Paulo divulgou que diversos integrantes suspeitam do mesmo Rui Costa citado acima — que nega veementemente qualquer envolvimento com a informação.
Do ponto de vista jornalístico, se você recebe uma notícia exclusiva, um furo que vazou de formas desconhecidas, é bastante comum tirar proveito disso. É até esperado. Mas essa não deve ser a única — ou a principal — notícia que o jornalismo que se diz sério traz de uma cobertura com relevância internacional.
E nem é uma questão de defender a postura de Lula ou Janja no ocorrido; afinal, nós aqui no Brasil de Fato temos o compromisso com a verdade e trazemos as informações que consideramos relevantes para o nosso público, sejam elas positivas ao governo ou não (como até já fomos criticados por fazer).
Mas, a nível nacional, a visita de Lula e sua comitiva à China foi extremamente relevante para o Brasil e não há críticas econômicas passíveis de serem feitas. Pelo contrário. As possibilidades estão postas, são muitas e são positivas. E aí, cabe à oposição — na mídia e fora dela — se concentrar em picuinhas desnecessárias e pequenas.
Você pode contar com a certeza de que o Brasil de Fato vai se concentrar no que realmente importa, pensando na prosperidade do nosso país e do nosso povo, que luta e trabalha. E também pode nos apoiar para garantir que isso aconteça: com a partir de R$ 1 por dia, você ajuda o jornalismo popular.
Seguiremos noticiando o que é relevante.
Rafaella Coury
Coordenadora de Redes Sociais