O aumento expressivo de internações hospitalares levou o governo do Rio Grande do Sul a declarar estado de emergência em saúde pública com foco na prevenção e enfrentamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente entre crianças. O decreto foi assinado pelo governador Eduardo Leite nesta segunda-feira (19) e será publicado no Diário Oficial do Estado na terça-feira (20).
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o estado já contabiliza 4.099 hospitalizações por SRAG desde o início do ano, com 305 mortes confirmadas. Entre crianças com menos de cinco anos, foram 1.374 internações e dez óbitos, e as internações quase duplicaram nos últimos dias. Os serviços de emergência enfrentam aumento de demanda e filas de espera.
De acordo com a secretária da Saúde, Arita Bergmann, a medida tem como objetivo reforçar a estrutura da rede hospitalar, com a preparação de leitos de UTI e ampliação do suporte ventilatório.
O decreto determina que os hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) adotem medidas emergenciais para garantir a oferta de leitos clínicos e de terapia intensiva voltados ao tratamento de pacientes com SRAG. A validade do decreto é de 120 dias a partir da publicação.
Ainda neste mês, a SES anunciou investimento de R$ 20,8 milhões na Operação Inverno Gaúcho, com recursos destinados à Atenção Primária e às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
O governo alerta para o risco de esgotamento da capacidade de resposta do sistema de saúde, em especial na infraestrutura voltada ao atendimento pediátrico. A situação é agravada pela epidemia de dengue que também atinge o estado.
Casos aumentam com chegada do frio
Nas últimas semanas, os casos de SRAG tiveram crescimento significativo. De 31 de março a 5 de abril, foram registradas 194 hospitalizações. O número saltou para 392 na semana de 28 de abril a 3 de maio e chegou a 451 na semana seguinte.
A SES informa que a circulação do vírus influenza também preocupa. Foram nove internações por gripe na semana de 31 de março a 5 de abril e 116 na semana de 28 de abril a 3 de maio ─ aumento superior a 1.100%. No acumulado do ano, a doença já causou 526 hospitalizações e 43 mortes no estado.
Outro agente importante é o vírus sincicial respiratório (VSR), que causou 495 hospitalizações em 2024 — 95% delas (471) em crianças com menos de cinco anos. A presença simultânea de diversos vírus respiratórios, aliada à tendência sazonal de aumento durante o inverno, agrava o cenário das síndromes respiratórias no Rio Grande do Sul.
