A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) anunciaram que darão continuidade a greve de advertência contra ausência de avanços nas negociações com a Petrobras. O indicativo é de uma nova paralisação a partir das 7h do dia 29 de maio até às 19h do dia 30.
As entidades sindicais também criticaram a política de dividendos da Petrobras, ou seja, a parcela do lucro que vai para os acionistas. Em nota conjunta, afirmaram ser inadmissível a distribuição de dividendos “enquanto [a Petrobras] apresenta um plano de redução de custos e a diminuição da remuneração variável dos seus trabalhadores”.
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Os trabalhadores também reivindicam melhores condições de segurança. No último mês, ocorreu um incêndio na Plataforma PCH-1 (Cherne 1), localizada na Bacia de Campos, a cerca de 130 quilômetros da costa de Macaé. Para as federações, há uma subnotificação de acidentes nas plataformas.
Ao Brasil de Fato, Johnny Souza, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindpetro-NF), também criticou a política de dividendos e disse que a mobilização tem outras reivindicações, como a recomposição dos efetivos. “A Petrobras distribui lucros exorbitantes para os seus acionistas e quer diminuir a remuneração dos trabalhadores em 30%”, pontuou.
“Vários companheiros da empresa trabalham em jornadas extenuantes de horas extras por conta dessa política de manutenção de efetivos mínimos nos postos de trabalho. Temos pautas também em relação ao fim do equacionamento da Petros, o plano de previdência dos petroleiros, onde muitos companheiros e companheiras aposentados e pensionistas hoje sofrem com descontos muito grandes em seus contracheques. Também por um plano de cargos e salários justos e isonômico”, completou Souza.
No último mês, a mobilização dos petroleiros adiou para 30 de maio a nova regra que altera de dois para três dias o trabalho presencial administrativo. Em nota, as federações afirmaram que vão elaborar uma contraproposta a partir das sugestões de comitês de base e mantém aberto o diálogo com a empresa.
“As federações realizarão assembleias em todas as bases nesta semana, visando formalizar a já amplamente manifestada rejeição da proposta da empresa”, finaliza o texto.
Em nota enviada ao Brasil de Fato, a Petrobras informou que vem realizando reuniões com as entidades sindicais para “esclarecer sobre a mudança no modelo de trabalho híbrido”. A empresa afirma que a mudança quer “aprimorar a integração das equipes e os processos de gestão”.
Sobre a distribuição de lucros e dividendos, a Petrobras disse apenas que “negociou com as entidades sindicais um acordo de PLR para o período 2024/2025, que será cumprido integralmente pela companhia”.
Leia a nota na íntegra:
A Petrobras respeita o direito de manifestação dos empregados. A companhia vem realizando reuniões com as entidades sindicais para esclarecer sobre a mudança no modelo de trabalho híbrido a partir do dia 30/05. Nas reuniões, a companhia esclarece o motivo pelo qual manterá a proposta de Acordo Específico, com duração de dois anos, para o modelo híbrido de trabalho para as(os) empregadas(os) das áreas administrativas. Com isso, o regime passará a ser de três dias presenciais por semana, sendo um dos dias a segunda ou a sexta-feira.
Importante destacar que o objetivo da mudança é aprimorar a integração das equipes e os processos de gestão, contribuindo para a agilidade na entrega de importantes resultados para a companhia, que segue em fase de crescimento de investimentos, definição de novos projetos e contratação de novos empregados que demandam formação e mentoria por parte de empregados experientes, além de ambientação nas respectivas áreas.
A Petrobras tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais e, nessas reuniões, atendeu algumas reivindicações e propôs flexibilizações no ajuste do modelo híbrido para alguns públicos específicos, como a realização de até três dias de trabalho remoto semanais para gestantes, mães e pais de bebês de até 2 anos de idade.
A Petrobras esclarece, ainda, que já vem repondo seu efetivo de trabalhadores, tendo convocado mais de 1.900 novos empregados em 2024. A companhia também já anunciou publicamente que irá contratar 1.780 novos empregados ao longo de 2025, oriundos de concurso público de nível técnico.
Por fim, convém destacar que a Petrobras possui um programa de remuneração variável que contempla, entre outros itens, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A Petrobras negociou com as entidades sindicais um acordo de PLR para o período 2024/2025, que será cumprido integralmente pela companhia.