A comunidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental Espaço de Bitita, no bairro Canindé, na zona norte de São Paulo, realizou uma manifestação na manhã desta segunda-feira (26), contra o afastamento do diretor da unidade, Cláudio Marques.
Ele é um dos diretores da rede municipal que serão afastados para participarem, até o final do ano, de um curso de formação. A justificativa apresentada pela gestão Nunes é a de oferecer formação para que os servidores retornem para as suas unidades e promovam um trabalho pedagógico que resulte em melhorias.
O afastamento atinge 25 diretores da rede municipal e considera o desempenho obtido no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Índice de Desenvolvimento da Educação Paulistana (Idep) 2023. A medida é classificada por parlamentares da oposição e membros da comunidade escolar como “ilegal e arbitrária”.
Uma mobilização em apoio aos profissionais também foi registrada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Vinícius de Moraes, no Jardim Tietê, na zona leste da capital. A entrada do prédio foi bloqueada pelos manifestantes.

A deputada federal Luciene Cavalcante (Psol-SP), que esteve na manifestação no Espaço Bitita, afirmou que a gestão de Ricardo Nunes (MDB) está usando de uma convocação para afastar os diretores, o que só pode ser feito por meio de um processo administrativo com os devidos ritos legais.
“É muito violento e criminoso o que o Ricardo Nunes está fazendo com a educação pública aqui da cidade de São Paulo e o Espaço de Bitita. Não tem legalidade para se colocar o interventor aqui dentro. Ele [Ricardo Nunes] só pode afastar depois de um processo administrativo com amplo direito de defesa”, defende a deputada.
“Ele chama isso de convocação para o curso de informação que vai durar nove horas por dia até o final do ano. Ele usa esse dispositivo de convocação, que é para formação, mas é um afastamento”, diz.
Diretores ouvidos pelo Brasil de Fato e o Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo (Sinesp), no entanto, afirmam que a justificativa para o afastamento “não se sustenta”, uma vez que as escolas escolhidas têm projetos pedagógicos com resultados positivos e que os índices escolhidos não refletem o avanço das unidades no médio e longo prazo.
A Escola Espaço de Bitita tem em seu currículo os prêmios Heitor Villa-Lobos, Territórios Tomie Ohtake, Paulo Freire e Criativos da Escola. A instituição também é parte do Programa das Escolas Associadas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês).
De acordo com o diretor da escola, Cláudio Marques, 40% dos alunos são imigrantes. Ele é mestre e doutor em Educação e tem pós-doutorado pela Universidade de São Paulo (USP). Ele dirige o espaço desde 2011.