A ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara receberá o título de Doutora Honoris Causa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) na próxima quarta-feira (28), às 16h, no Teatro Odylo Costa, filho, no Campus Maracanã. Segundo o relatório que embasou a decisão pelo título, a homenagem à Sonia Guajajara “permite reconhecer o conhecimento indígena como um saber autêntico e extremamente importante para o povo brasileiro”.
O ativismo de Sonia Guajajara é reconhecido internacionalmente. Desde que assumiu o ministério tem pressionado pela demarcação de terras indígenas e atuado contra o desmatamento que afeta essas comunidades.
Em 2024, foi ganhadora do Prêmio Campeões da Terra 2024, maior honraria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), na categoria “Liderança Política”. Em 2022, foi eleita deputada federal (Psol) pelo estado de São Paulo e foi reconhecida como uma das 100 pessoas mais influentes do ano pela revista Time. Também atuou em diversas organizações indígenas, como a Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), e foi coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
À frente da pasta desde o início de 2023, 13 terras indígenas foram homologadas, representando um avanço em relação às últimas gestões. Além das homologações, o Ministério da Justiça e Segurança Pública reconheceu, por meio de portarias, a propriedade de 11 territórios indígenas em 2024.
Esta é a primeira vez que a Uerj oferece o título a uma pessoa indígena. O reconhecimento é o mais importante concedido pela universidade e pode ser atribuído à personalidade eminente, nacional ou estrangeira, que tenha se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade.
Contexto
Em entrevista ao programa Bem Viver no ano passado, a ministra destacou que um dos principais desafios para a demarcação de terras é o próprio Congresso Nacional.
“Temos uma oposição forte no Congresso Nacional que está atuando todos os dias para impedir novas demarcações, para impedir as desintrusões que nós estamos fazendo”, afirmou ao Brasil de Fato na ocasião.
E o atraso na demarcação das Terras Indígenas (TIs) tem impacto direto na degradação ambiental dos biomas brasileiros. É o que aponta um novo estudo do Instituto Socioambiental (ISA), que comparou o índice de desmatamento com a data de reconhecimento das terras indígenas registradas em documentos oficiais.
“Descobrimos que a maior parte da supressão da vegetação nativa nestes territórios aconteceu previamente à efetivação da demarcação destas áreas”, diz um trecho da conclusão do estudo “Desmatamento em Terras Indígenas: Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal”, de março de 2025. Sem a demarcação, as TIs ficam mais vulneráveis a invasões, exploração ilegal de recursos naturais e desmatamento.
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Desde sua posse, Guajajara tem atuado na articulação de políticas públicas voltadas à demarcação de terras, proteção dos direitos indígenas e combate ao garimpo ilegal. As ameaças aos povos indígenas seguem como um desafio para a gestão da ministra.
Serviço:
Cerimônia de entrega do título de Doutora Honoris Causa à Sônia Guajajara
Data: 28/05/2025
Horário: 16h
Local: Teatro Odylo Costa, filho (Uerj)
Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524 – Maracanã, Rio de Janeiro