O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o presidente russo, Vladimir Putin, afirmando que, se não fosse por suas políticas, a Rússia estaria em sérios apuros. O líder da Casa Branca havia se manifestado de forma ríspida em relação ao líder russo na última segunda-feira (26), quando disse que Putin teria “enlouquecido”.
“Vladimir Putin não entende que, se não fosse por mim, muitas coisas ruins teriam acontecido com a Rússia, teria sido muito ruim. Ele está brincando com fogo!”, disse Trump, sem especificar mais detalhes.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, atribuiu aos líderes europeus a culpa pela dura retórica do presidente dos EUA em relação à Rússia. O chanceler disse que a liderança dos países europeus, aliados da Ucrânia, estão sabotando os processos de paz.
“O presidente Trump é um homem que quer resultados […] E quando ele vê que esses seus esforços estão sendo sabotados por um grupo de representantes europeus, levando a Ucrânia a ações completamente imprudentes, incluindo ataques de drones contra Moscou […], é claro, ele pode mostrar certas emoções como um homem que não gosta de obstáculos no caminho para atingir objetivos nobres”, disse o chanceler.
Na segunda-feira (26), ao comentar as declarações de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já havia minimizado a rispidez do líder dos EUA e evitou rebater as críticas. Ao contrário, Peskov agradeceu aos EUA e pessoalmente a Trump pela ajuda na retomada das negociações de paz. Sugeriu também que as duras falas de Trump poderiam estar ligadas a uma “sobrecarga emocional”.
“O início do processo de negociação, para o qual o lado americano tem se esforçado muito, é uma conquista muito importante. Somos verdadeiramente gratos aos americanos e pessoalmente ao Presidente Trump”, disse ele.
Na segunda-feira (26), Trump criticou Putin por realizar “ataques massivos contra cidades ucranianas sem motivo”, se referindo aos bombardeios russos na noite de 25 de maio em todo o território ucraniano. Trump chegou a dizer que Putin teria “enlouquecido”.
Moscou alega que o massivo ataque do fim de semana, considerado um dos maiores de toda a guerra, foi uma retaliação aos ataques de drones lançados pelo lado ucraniano. Na semana passada, Kiev lançou centenas de drones contra o território da Rússia por dois dias seguidos, levando ao fechamento de diversos aeroportos por todo o país.
Kiev e Moscou preparam ‘memorandos’ para a paz
A Ucrânia apresentou nesta terça-feira (27) as suas propostas aos Estados Unidos para iniciar um cessar-fogo incondicional. A informação foi divulgada pelo vice-chefe do gabinete do presidente ucraniano, Igor Brusilono.
“Este cessar-fogo deve ser incondicional, pois proporcionará uma oportunidade para sentar à mesa de negociações. Todas as outras etapas serão determinadas durante essas negociações”, disse Brusilo.
Além disso, de acordo com o vice-chefe de gabiente ucraniano, Kiev considera inaceitável o reconhecimento legal da Crimeia, das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e de Kherson como parte da Rússia. As quatro regiões foram anexadas por Moscou em 2022.
Já a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, informou que Moscou está no processo de desenvolvimento do rascunho de memorando sobre um futuro tratado de paz, acrescentando que o documento será entregue ao lado ucraniano assim que estiver preparado.
De acordo com ela, a Rússia espera que Kiev apresente seus desenvolvimentos no memorando simultaneamente com Moscou. Zakharova também criticou os ataques de drones realizados pela Ucrânia nos últimos dias, afirmando que, com os seus ataques, Kiev “tenta mostrar que é capaz de conduzir negociações a partir de uma posição de força”, mas demonstra a sua “insignificância”.
O acordo para desenvolver propostas detalhadas sobre a resolução do conflito foi acertado durante a retomada das negociações entre Moscou e Kiev, em Istambul, em 16 de maio. As partes ficaram de dar continuidade sobre o diálogo de resolução do conflito e apresentar detalhadamente suas visões de como encerrar a guerra
“Literalmente, a cada dia, a agenda nesse sentido se desenvolve. Vejam no que estão se transformando os acordos que, sejamos honestos, foram difíceis de serem alcançados devido à posição do regime de Kiev, mas que, ainda assim, foram alcançados no âmbito das negociações de Istambul.”