No Dia Internacional do Brincar, celebrado nesta quarta-feira (28), o alerta é claro: o espaço da infância precisa ultrapassar os limites das telas e reconquistar as ruas, praças e territórios comunitários. Para Ana Claudia Leite, especialista em educação e culturas infantojuvenis do Instituto Alana, o ato de brincar livremente permite à criança se expressar, compreender o mundo e criar vínculos com a cultura e a comunidade.
“É preciso criar oportunidades para as crianças voltarem a ocupar a rua, para a rua e as praças serem vistas como espaço seguro, e não termos como sociedade a ilusão de que lá fora é perigoso e dentro da caixinha do celular, da televisão, a criança está segura”, afirma em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “É o contrário: muitas vezes, ela precisa de uma vida comunitária atrelada à cidade, à natureza para ter segurança, acolhimento e afeto”, defende.
A Semana Mundial do Brincar, que vai até 31 de maio, traz esse debate à tona com ações voltadas a crianças em todo o mundo. No Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo (SP), o Instituto Alana realiza uma série de atividades com crianças, famílias e comunidades. Uma delas foi o lançamento, nesta terça-feira (27), do documentário Brincar é direito, sobre a construção coletiva de uma praça no Campo Limpo, zona sul da capital, produzido pela Impossível, em parceria com a agência Uplab.
Com três décadas de atuação, o Alana defende o desenvolvimento integral das crianças em diversas frentes, da educação ao meio ambiente, passando pelo acesso à cidade e ao ambiente digital seguro. “Na nossa Constituição, artigo 227, crianças e adolescentes são prioridade absoluta”, lembra Leite. “O brincar, além de ser um direito na Convenção dos Direitos das Crianças, no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], na BMCC [Base Nacional Comum Curricular], na Constituição, é uma linguagem da infância”, acrescenta.
A especialista também aponta que o acesso ao brincar não é igual para todas as infâncias: desigualdades sociais e raciais ainda marcam quem pode ou não usufruir desse direito. “O Alana tem cada vez mais se comprometido com o enfrentamento do racismo e da desigualdade, como marcadores também na infância, que prejudicam o acesso inclusive ao brincar”, diz.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.