O cientista ambiental Wagner Ribeiro, professor da Universidade de São Paulo (USP), afirmou em entrevista ao Conexão BdF , da Rádio Brasil de Fato, que os ataques misóginos à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por senadores representam “o ódio ao ambientalismo”. Para ele, a violência política sofrida pela ministra é parte de uma estratégia que busca desqualificar sua atuação diante da iminência da aprovação do chamado PL da Devastação.
“Ela foi agredida enquanto ministra de Estado. […] Nós temos que dar um basta a isso. O Brasil não pode mais tolerar, não pode mais passar impune uma ação como essa”, afirmou Ribeiro. Ele classificou os ataques como sintomáticos de um Congresso “que não está atento ao que o Brasil tem de mais precioso, de singular, que é a chamada sociobiodiversidade”.
Segundo o professor, o ambientalismo é odiado por ser um “freio” ao uso indiscriminado da propriedade privada. “O pensamento ambiental diz: ‘você não vai fazer o que você quer, o interesse público está posto em primeiro lugar’”, afirma. “É preciso lembrar que esse projeto foi aprovado na Câmara, depois encaminhado ao Senado. Passou por mudanças, por isso vai voltar à Câmara. Eu diria é provável que possa vir a ser aprovado tanto no Senado quanto na Câmara”, avalia.
Ribeiro também chamou atenção para o simbolismo das investidas contra os licenciamentos ambientais em ano de 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro. “Não há dúvida que isso é uma forma de tentar manchar essa liderança brasileira”, avaliou, destacando, no entanto, que lideranças internacionais conseguem diferenciar o governo federal do Congresso conservador.
“O Brasil está exercendo uma liderança bastante interessante, discutindo as questões não mais da emergência climática, mas da urgência climática que já estamos vivendo”, afirma. Para ele, o retrocesso ambiental promovido por parlamentares brasileiros mostra uma “miopia” política que compromete o futuro ecológico, econômico e energético do país.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.